A Rússia anunciou nesta sexta-feira (18) que iniciou a retirada de mais tanques da fronteira ucraniana e de aviões bombardeiros da anexada península da Crimeia, em um momento de grande tensão, no qual os países ocidentais temem um ataque à Ucrânia.
"Outro trem militar com soldados e material que pertence a unidades de tanques do exército do distrito militar do oeste retornou para suas bases permanentes na região de Nizhny Novgorod, a mais de mil quilômetros da Ucrânia", afirmou o Ministério da Defesa russo em um comunicado. Estas forças retornam às suas bases "depois de concluir um exercício de treinamento planejado".
Um porta-voz da frota russa, citado pela agência Interfax, anunciou que 10 bombardeiros Su-24 estacionados na Crimeia deixaram a península anexada em 2014 e seguiram para bases na Rússia, com parte de um exercício militar.
O governo dos Estados Unidos afirma que a Rússia mobilizou mais de 150 mil soldados nas proximidades da fronteira com a Ucrânia, o que provoca o temor de uma invasão ao país.
Moscou nega qualquer projeto neste sentido e, desde terça-feira, anunciou uma série de retiradas de suas tropas, com imagens de trens repletos de material militar para provar, o que não foi suficiente para convencer o Ocidente.
Nesta sexta-feira, pouco antes do início de uma conferência anual de segurança na cidade de Munique, a ministra alemã das Relações Exteriores, Annalena Baerbock, afirmou que a Rússia está colocando em perigo os princípios da paz na Europa com "demandas da Guerra Fria".
— Com um envio sem precedentes de tropas para a fronteira com a Ucrânia e demandas da Guerra Fria, a Rússia desafia os princípios fundamentais da ordem de paz europeia — disse Baerbock em um comunicado, no qual pediu a Moscou "passos sérios para a desescalada".
Dezenas de autoridades e diplomatas de todo o mundo se reunirão na cidade do sul da Alemanha a partir desta sexta para uma reunião de três dias sobre questões de defesa e segurança. Entre os participantes estão a vice-presidente e o secretário de Estado americano, Kamala Harris e Antony Blinken, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. A Rússia não aceitou o convite.
— É uma pena que a Rússia não aproveite a oportunidade. Usaremos Munique para enviar uma mensagem de unidade: estamos dispostos a um diálogo sério sobre a segurança de todo — afirmou Baerbock.
— Mas também precisamos de passos sérios para a desescalada da Rússia... As declarações sobre a vontade de conversar devem ser respaldadas por ofertas reais para conversar. As declarações de retirada de tropas devem ser apoiadas por retiradas de tropas que possam ser verificadas — insistiu.