A polícia russa alertou para as consequências em caso de participação em comícios de rua e chamadas para protestos pela internet. O Comitê de Investigação informou que convocações estavam sendo feitas "para participar de tumultos e comícios em massa devido à tensa situação política externa". O Ministério da Administração Interna anunciou que iria deter participantes em ações não autorizadas por ações provocativas ou agressivas contra policiais. As informações são do portal Interfax.
"Ao responder a apelos provocativos, devem estar cientes das consequências legais negativas dessas ações na forma de acusação até responsabilidade criminal. Lembramos que os pedidos de participação e participação direta em tais eventos que não sejam acordados na forma prescrita acarretam sérias consequências legais e para a organização de ações - até prisão", afirmou um comunicado à imprensa.
"Não ceda a pedidos de ações ilegais, avise seus parentes e amigos menores de idade contra a participação em eventos não autorizados. Seja razoável e não coloque em risco sua segurança", conclui o texto.
A prefeitura de Moscou também alertou os moradores da capital sobre a inadmissibilidade de eventos públicos descoordenados e outras violações legais. As ações no centro da cidade, que foram convocadas pela internet, não foram acordadas da maneira prescrita com as autoridades e sua conduta é considerada ilegal.
A polícia afirmou que vai tomar todas as medidas necessárias para garantir a proteção da ordem pública. Os cidadãos que convocaram protestos já receberam uma advertência do Ministério Público russo sobre as consequências pelo descumprimento a lei.
O presidente Vladimir Putin autorizou nesta quinta-feira (24) uma operação militar na Ucrânia. Ele fez ameaças e disse que quem tentar interferir sofrerá consequências nunca vistas. Volodimir Zelensky, presidente ucraniano, prometeu prover armas e disse que cidadãos do país "não desistirão da liberdade".
Europeus tomam as ruas
Grupos de manifestantes gritando palavras de ordem contra a guerra tomaram nesta quinta-feira (24) as ruas de diversas capitais europeias, como Berlim, Paris, Varsóvia e Haia, em protesto contra a invasão russa da Ucrânia.
"Parem esta loucura, salvem vidas, sem mais mentiras", diz o cartaz de um manifestante em frente à embaixada russa em Berlim. Muitos dos presentes no protesto levam as cores da bandeira ucraniana, o azul e o amarelo. Alguns deles são russos que vivem na Alemanha.
— Todo o mundo deveria vir hoje aqui e apoiar a Ucrânia. Dizer que a guerra deve terminar — disse à AFP Olga Kupricina, de 32 anos, originária de Kaliningrado, mas que vive na Alemanha desde outubro.
— Ucranianos e russos são irmãos e irmãs. Todos os meus amigos estão comovidos e não querem uma guerra. Queremos mostrar que somos contra a guerra. Somos russos e viemos da Rússia. A Ucrânia sempre foi um país muito amistoso conosco e um país próximo — comenta Ekaterina Studnitzky, de 40 anos, que vive na Alemanha desde os 16.
Em outra manifestação, aos pés do emblemático Portão de Brandemburgo, a estudante ucraniana Sofia Avdeeva faz acusações contra Vladimir Putin:
— Ele roubou minha casa porque sou de Donetsk e minha família e eu tivemos que sair por causa da guerra.
— Não quero que toda a Ucrânia tenha o mesmo destino. Já disse adeus à minha casa, mas não quero que todo o país viva o inferno que vivemos — frisou Avdeeva.
Em Paris, centenas de pessoas também se reuniram em frente à embaixada russa, entre eles vários candidatos na eleição presidencial francesa de abril. Outra grande mobilização estava prevista para o fim do dia na Praça da República, no coração da capital francesa.
Já na Polônia, país vizinho à Ucrânia, um manifestante queimou uma bandeira da Rússia em frente à embaixada do país em Varsóvia. Anteriormente, também ocorreram manifestações em Beirute, no Líbano, e em Tóquio, no Japão.
Além disso, em Dublin, na Irlanda, e nas cidades holandesas de Haia e Amsterdã, centenas de pessoas participaram de protestos em frente às representações diplomáticas russas nesta quinta-feira.