Tonga acelerava, nesta quarta-feira (19), seus esforços para limpar as cinzas de seu principal aeroporto, a fim de permitir a chegada de ajuda humanitária ao país, que passou por um "desastre sem precedentes" após uma poderosa erupção vulcânica no sábado.
A erupção do vulcão Hunga Tonga Hunga Ha'apai expeliu uma nuvem de fumaça de 30 quilômetros de altura, capturada por satélites, lançando cinzas, gás e chuva ácida sobre grandes áreas do Pacífico.
Também provocou um tsunami que atingiu a costa de Estados Unidos, Japão e Chile.
Em Tonga, a subida do nível do mar atingiu "até 15 metros", informou o governo deste país em um comunicado.
Pelo menos três pessoas morreram, e várias ficaram feridas, acrescentou o governo, chamando o fenômeno de "desastre sem precedentes".
O balanço dos danos é dificultado pela queda nas comunicações internacionais após o rompimento de um cabo submarino, cuja reparação pode demorar pelo menos quatro semanas.
Austrália e Nova Zelândia têm aviões militares prontos para enviar suprimentos de emergência para o arquipélago. Ainda não podem voar, porém, devido ao acúmulo de cinzas vulcânicas na ilha principal que pode colocar as aeronaves em risco.
Uma camada de 5 a 10 centímetros de cinzas se acumulou na pista do aeroporto da ilha principal de Tongatapu, informou o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), que está confiante de que poderá ser limpo em breve.
"Pensávamos que estaria operacional ontem, mas não foi completamente limpo, porque mais cinzas estão caindo", declarou Jonathan Veitch, coordenador das Nações Unidas para esta crise.
"Eles estão limpando a um ritmo de 100-200 metros por dia. Isso significa que devem terminar hoje", quarta-feira, acrescentou.
Um navio australiano com ajuda de emergência deve partir em breve para as ilhas, embora a viagem seja de cinco dias no mar. Dois navios neozelandeses partiram na terça-feira com equipes de resgate e suprimentos de água e devem chegar em dois dias.
Tonga foi praticamente isolada do mundo desde a erupção e depende de telefones via satélite para se comunicar com o mundo exterior. A situação pode continuar assim por pelo menos um mês.
"A empresa de cabos americana SubCom diz que levará pelo menos quatro semanas para reparar o cabo de conexão de Tonga", informou o Ministério das Relações Exteriores da Nova Zelândia em um comunicado.
Em Tonga, o governo disse que um vilarejo na Ilha Mango foi completamente arrasado pela onda gerada pela erupção. Outros têm apenas algumas casas de pé.
Em seu comunicado, as autoridades informam sobre o envio de equipes de resgate para retirar os habitantes das áreas mais afetadas, bem como navios do Exército com profissionais de saúde e suprimentos de água, alimentos e barracas.
A atividade do vulcão teve repercussões em todo Pacífico. As ondas anormais causaram um derramamento de óleo no Peru, com uma mancha de pelo menos 18 mil metros quadrados que afeta praias, áreas protegidas e fauna marinha na província de Callao.
* AFP