Os rebeldes da região etíope de Tigré afirmaram nesta terça-feira (25) que retomaram os combates na área vizinha de Afar para responder à ofensiva dos últimos dias das forças governamentais.
"Desde a manhã de ontem [24], nos vimos obrigados a tomar medidas enérgicas para neutralizar a ameaça que supõem" as forças pró-governamentais em Afar, disse em um comunicado a Frente Popular de Libertação do Tigré (TPLF, na sigla em inglês), que está há mais de 14 meses lutando contra o Exército etíope.
"O Exército de Tigré não tem a intenção de permanecer em Afar durante muito tempo e não quer que o conflito se deteriore ainda mais", acrescentou a TPLF.
Além disso, os rebeldes indicaram que o objetivo aparente dos ataques é "obstaculizar as operações humanitárias" e desencadear uma "grave crise de segurança" na capital de Tigré, Mekele, situada a cerca de 50 km da divisa com Afar.
Caminhões que transportam alimentos essenciais para a região etíope de Tigré foram bloqueados em um posto de controle em Afar, informaram nesta terça-feira fontes humanitárias. Os rebeldes e o governo etíope se acusam mutuamente da situação.
Na segunda-feira, o porta-voz do governo, Legesse Tulu, afirmou que os rebeldes tinham "atacado" diversas localidades, inclusive a cidade de Abala, na divisa entre as duas regiões, "interrompendo a rota principal para a ajuda humanitária" e disse que não havia "nenhuma força governamental na região".
Em novembro de 2020, o primeiro-ministro etíope Abiy Ahmed, prêmio Nobel da Paz em 2019, enviou o Exército federal a Tigré para destituir as autoridades regionais, pertencentes à TPLF.
Os combates se estenderam em 2021 para as regiões vizinhas de Amhara e Afar, se aproximando da capital Adis Abeba. Contudo, em dezembro, os rebeldes anunciaram que estavam recuando para Tigré, após uma ofensiva das forças do governo, o que havia despertado esperanças de paz após a morte de milhares de pessoas.
Após a retirada dos rebeldes, o governo etíope anunciou que não os perseguiria dentro da região, mas esta tem sido alvo de ataques aéreos, inclusive com drones, nas últimas semanas, segundo moradores e pessoal humanitário.
* AFP