O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos pediu nesta terça-feira a "libertação imediata" do presidente de Burkina Faso, Roch Marc Christian Kaboré, deposto por um golpe de Estado militar, enquanto a calma parecia retornar à capital do país africano.
"Pedimos aos militares que libertem imediatamente o presidente e os outros altos funcionários detidos", declarou a porta-voz do Alto Comissariado, Ravina Shamdasani.
Na segunda-feira à noite, os militares de Burkina Faso anunciaram na televisão a tomada de poder após uma revolta no país africano por críticas ao presidente por seu fracasso para conter o avanço dos jihadistas.
Os autores do golpe, em uniforme de camuflagem, anunciaram na televisão o "fim do mandato" do presidente Roch Marc Christian Kaboré, após um motim que começou no domingo.
Estados Unidos e União Europeia também pediram a libertação imediata de Kaboré.
O presidente da França, Emmanuel Macron, também condenou nesta terça-feira o "golpe de Estado militar" em Burkina Faso, ex-colônia francesa.
"Como sempre, estamos ao lado da organização regional, a CEDEAO (Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental), para condenar este golpe de Estado militar", declarou.
A situação parecia retornar à calma nesta terça-feira na capital, Uagadugu, após dias de tensão. O grande mercado, lojas e postos de gasolina estavam abertos e não havia uma presença militar considerável no centro da cidade.
Uma manifestação a favor dos militares está programada para esta terça-feira na capital.
O paradeiro do ex-presidente Kaboré permanecia uma incógnita nesta terça-feira.
A televisão nacional (RTB) publicou na segunda-feira à noite nas redes sociais uma carta de renúncia manuscrita atribuída a Kaboré, mas não foi possível comprovar a veracidade do texto.
A carta afirma que a renúncia aconteceu em nome do "melhor interesse da nação".
De acordo com a RTB, a carta foi transmitida diretamente pelos golpistas, mas não foi possível saber se foi escrita pelo próprio Kaboré, nem em que condições.
A mesma incerteza afeta o primeiro-ministro Lassina Zerbo e outros funcionários do governo anterior.
Burkina Faso sofreu várias tentativas de golpe de Estado. No vizinho Mali, onde começou a insurgência jihadista começou, os militares derrubaram um governo civil em 2020.
* AFP