Sidney Poitier, o primeiro grande astro negro de Hollywood, morreu aos 94 anos, deixando de luto a indústria do entretenimento, ativistas, políticos e atletas.
Estrelas de Hollywood Denzel Washington e o ex-presidente Barack Obama expressaram condolências.
"Ele era um homem gentil e abriu portas que estavam fechadas para muitos de nós", disse Denzel Washington, duas vezes vencedor do Oscar, em comunicado enviado à AFP.
"Ao mestre... com amor. Sir Sidney Poitier R.I.P. Nos mostrou como alcançar as estrelas", escreveu Goldberg em sua conta no Twitter.
"Com imensa tristeza soube esta manhã que Sidney Poitier faleceu", escreveu o primeiro-ministro das Bahamas, Philip Davis, confirmando a morte do astro que tinha cidadania americana e bahamense.
Poitier faleceu nesta quinta-feira em sua casa em Los Angeles, informou Latrae Rahming, diretor de comunicações de Davis. Ele não respondeu a questionamentos sobre a causa da morte.
"Bahamas está de luto e envia suas condolências à família", acrescentou Davis. "Admiramos o homem não apenas por suas colossais conquistas, mas também por quem ele era", disse o chanceler, lembrando as origens pobres de Poitier e seu caminho para se tornar uma estrela de Hollywood.
- "Uma viagem longa" -
Poitier nasceu na Flórida em 1927, mas voltou quando criança com sua família para as Bahamas. Retornou aos Estados Unidos ainda adolescente, onde morou em Miami e Nova York, sustentando-se com pequenos empregos até se dedicar à atuação após a Segunda Guerra Mundial.
Foi o primeiro ator negro a ser indicado ao Oscar com "The Defiant Ones" ("Acorrentados"). Seis anos depois, foi o primeiro afro-americano a ganhar o Oscar de melhor ator por "Uma Voz na Sombras".
Ao agradecer o reconhecimento histórico, Poitier disse a uma plateia majoritariamente branca que havia feito "uma longa jornada" para chegar lá.
Poitier desempenhou uma série de papéis inovadores em um momento de grande tensão racial na América nos anos 1950 e 1960.
Equilibrou o sucesso com um senso de dever, escolhendo projetos que abordavam intolerância e estereótipos. Sua filmografia inclui clássicos como "No Calor da Noite", "Adivinhe Quem Vem Para Jantar" e o memorável "Ao Mestre com Carinho".
Na televisão, interpretou figuras históricas como o primeiro presidente negro da África do Sul, Nelson Mandela, e o primeiro juiz negro da Suprema Corte dos Estados Unidos, Thurgood Marshall.
Viola Davis, também vencedora do Oscar, disse que "a dignidade, normalidade, força, excelência e pura eletricidade de Poitier (...) nos mostrou que nós, como negros, importamos!"
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, definiu Poitier como "o ator de sua geração, cujo trabalho personificava dignidade, poder e graça, mudando o mundo dentro e fora da tela".
- "Abriu as portas" -
Poitier foi premiado em 2009 com a Medalha Presidencial da Liberdade, a mais alta honraria civil dos Estados Unidos, das mãos do próprio presidente Barack Obama, o primeiro presidente negro dos Estados Unidos.
"Com seus papéis pioneiros e seu talento único, Sidney Poitier juntou dignidade e graça revelando o poder que os filmes têm de nos unir. Ele também abriu as portas para uma geração de atores", tuitou Obama nesta sexta-feira.
"Michelle e eu enviamos nosso amor para sua família e sua legião de fãs".
"Não há homem nesta indústria o que tenha sido mais uma estrela polar para mim do que Sidney Poitier", disse o escritor, ator e comediante Tyler Perry ("Star Trek", "Vice", "Garota Exemplar") , também afro-americano.
Poitier era casado com sua segunda esposa, Joanna, desde 1976 e deixa seis filhos, além de numerosos netos e bisnetos.
Em 1997, ele assumiu um posto cerimonial como embaixador das Bahamas no Japão.
Em 2002, Sidney Poitier recebeu um Oscar honorário por "suas atuações extraordinárias, sua dignidade, seu estilo e sua inteligência".
Isso se refletiu com as manifestações de luto desta sexta-feira, vindas não apenas de Hollywood.
"Um grande amigo, aprendi muito assistindo Sidney", tuitou a lenda do basquete Magic Johnson. "Que descanse em paz".
* AFP