O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, anunciou nesta segunda-feira (noite de domingo, 30, no Brasil) um projeto de lei para virar o mais rapidamente possível a página da legislação herdada da União Europeia (UE), dois anos após o Brexit, cujos benefícios demoram a se concretizar.
Atualmente em posição extremamente delicada devido ao escândalo das festas em Downing Street em pleno confinamento, o líder conservador, de 57 anos, quer convencer os britânicos das virtudes do Brexit, cuja concretização, após anos de paralisia política após o referendo, foi a chave de sua vitória eleitoral em dezembro de 2019.
Este novo projeto de lei sobre "as liberdades do Brexit" (Brexit Freedoms) tem como objetivo facilitar o processo já em curso para modificar, revogar ou substituir as leis herdadas da União Europeia.
Segundo o governo, estas reformas representarão uma economia para as empresas britânicas de um bilhão de libras esterlinas (1,2 bilhão de euros ou 1,31 bilhão de dólares) em "burocracia" e "encargo regulamentar".
No entanto, são muitas as empresas britânicas que se queixam dos obstáculos criados pelo próprio Brexit. Segundo uma pesquisa do setor da manufatura britânica, publicado recentemente, dois terços das empresas consultadas acreditam que o Brexit atravancou seus negócios de diversas formas. Metade delas teme enfrentar novas dificuldades este ano, com volta da entrada em vigor dos controles alfandegários.
Johnson elogiou o Brexit como "um momento histórico e o começo de um novo capítulo estimulante para o nosso país", e afirmou em um comunicado que seu projeto de lei "vai liberar ainda mais os benefícios do Brexit e garantir que as empresas possam gastar mais dinheiro em investimento, inovação e criação de emprego".
Por outro lado, longe de compartilhar deste entusiasmo, o governo escocês (separatista) instou Londres a solucionar os problemas que o setor alimentício enfrenta: falta de mão-de-obra e trâmites burocráticos. Em sua avaliação, o Brexit não aportou nenhum benefício à população rural escocesa.
* AFP