Rússia e Estados Unidos estariam trabalhando para organizar uma videochamada entre os presidentes Vladimir Putin e Joe Biden, diante da crescente tensão entre os países pela situação na Ucrânia, informou o Kremlin nesta sexta-feira (3).
— Estão trabalhando nisso. Seria uma videoconferência — declarou à imprensa o porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov, ao ser questionado sobre o tipo de conversa que está sendo organizada.
Segundo Yuri Ushakov, conselheiro do Kremlin, "a data concreta já está marcada".
— Estamos perto de marcar um horário que convenha a todos — explicou à imprensa e acrescentou que a conversa aconteceria "depois da visita de Putin à Índia", prevista para a próxima segunda-feira (6).
Os líderes dos dois países falariam "da situação pouco satisfatória nas relações bilaterais", segundo a mesma fonte.
Também seria abordada a situação no "Afeganistão, Líbia, a crise ucraniana e a estabilidade estratégica", detalhou Ushakov.
A Rússia deseja discutir suas propostas sob as "garantias jurídicas da não ampliação para o leste da Otan" na Europa, como exige Vladimir Putin, afirmou.
O vice-ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Riabkov, afirmou nesta quinta-feira que poderia haver um "contato" entre os dois presidentes "nos próximos dias", sem dar mais detalhes.
Este anúncio ocorreu no dia de uma reunião entre o chefe da diplomacia russa Serguéi Lavrov e seu homólogo americano Antony Blinken, com o pano de fundo da tensão pela situação na Ucrânia, onde Washington acusa Moscou de preparar uma invasão no país.
Este encontro "foi uma boa ocasião para que as duas partes explicassem sua posição de forma clara e compreensível", afirmou Peskov nesta sexta-feira. Mas "suas posturas divergem em vários pontos", acrescentou.
Apesar da vontade de apaziguar as relações entre Washington e Moscou que Biden e Putin mostraram em sua primeira reunião em junho, em Genebra, os pontos de fricção entre os dois países se multiplicam há meses.
O mais recente seriam os movimentos de tropas russas na fronteira com a Ucrânia, palco de um conflito entre Kiev e os separatistas pró-Rússia no leste. Nos últimos dias, Estados Unidos, Otan e União Europeia manifestaram sua preocupação com essas manobras.