O presidente norte-americano, Joe Biden, pediu nesta segunda-feira (27) à população que não ceda ao "pânico" diante do forte aumento de casos diários de covid-19 por causa da variante Ômicron, que quase bateram um recorde.
— A Ômicron é uma forte preocupação, mas não deveria ser motivo de pânico — disse Biden na Casa Branca no início de uma videoconferência com cerca de 20 governadores e assessores sanitários.
Para o presidente, a propagação da variante altamente contagiosa, identificada na África do Sul em novembro, não terá o mesmo impacto que a primeira onda de covid-19 há um ano ou da variante Delta, devido à campanha maciça de vacinação e à testagem.
— Como tem havido tantas vacinações e reforços, não estamos vendo as hospitalizações aumentarem tanto (como antes) — disse Biden, quando 72% da população recebeu pelo menos uma dose.
Ele admitiu, no entanto, que alguns hospitais estavam "sobrecarregados, quanto a equipamentos e pessoal" devido a um aumento das hospitalizações, muitas delas de pessoas não vacinadas.
Biden também reconheceu que a quantidade de testes existentes é insuficiente, devido ao número de norte-americanos que querem fazê-los para passar as festas de Ano-Novo em família.
— Ver como foi difícil para algumas pessoas conseguir um teste neste fim de semana mostra que há trabalho a fazer — admitiu, embora tenha destacado que aumentam os locais para exames e que o governo federal está distribuindo 500 milhões de testes para fazer em casa.
— Está claro que não é suficiente. Se soubéssemos, teríamos feito mais, mais rápido — acrescentou.
Vacina obrigatória em Nova York
Segundo dados divulgados pelo jornal New York Times nesta segunda-feira, o país registrou 214.499 novos casos na véspera, o que equivale a um aumento de 83% na média de 14 dias, e se aproxima do recorde diário de 251.232 casos positivos, alcançado em janeiro de 2021.
O número médio diário de mortes também aumentou levemente em 14 dias (+3%) com 1.328 mortos, no país mais enlutado do mundo na pandemia, com mais de 800 mil mortos.
Vários Estados como Delaware, Havaí, Massachusetts, Nova Jersey e Nova York, assim como o território de Porto Rico, experimentaram um aumento sem precedentes em sete dias, diz o jornal.
Em Nova York, onde as autoridades constataram um aumento no número de crianças hospitalizadas por causa da covid-19, os funcionários de empresas e estabelecimentos comerciais privados da cidade são obrigados a se vacinarem a partir desta segunda-feira.
— É o que temos que fazer em todas as partes — disse o prefeito em fim de mandato Bill de Blasio à MSNBC, para "deixar a covid para trás" em 2022.
Perguntado pela rádio pública NPR, Anthony Fauci, assessor principal da Casa Branca na luta contra a pandemia, espera que o aumento vertiginoso de casos positivos alcance um pico antes de voltar a cair, como ocorreu na África do Sul.
— Talvez devido à saturação, ou seja, que a variante alcançou todos os alvos vulneráveis — avaliou, como as pessoas não vacinadas.
No entanto, a variante Ômicron, mais contagiosa do que a Delta, parece ser menos perigosa para as pessoas que tomaram pelo menos duas doses da vacina, acrescentou Fauci.
— Esperamos que essa menor gravidade evite um aumento das hospitalizações, mas estamos realmente muito preocupados com os não vacinados, que são vulneráveis — afirmou.
O cientista disse ser contra uma nova campanha de vacinação para uma quarta dose porque considera que se as vacinas forem muito seguidas, o sistema imunológico não terá tempo para se fortalecer contra o coronavírus.
— Atualmente, tome a dose de reforço (...), não se preocupe com uma quarta. Vamos nos preocupar com isso em breve e talvez nunca tenhamos que nos preocupar com isso — concluiu.