Os hospitais e os provedores de telecomunicações do Haiti advertiram que seus serviços podem ser interrompidos devido à escassez de combustível causada pelo controle crescente das gangues de criminosos sobre a capital Porto Príncipe.
É "provável que haja perda de vidas" se o fornecimento de combustível não chegar aos hospitais imediatamente, advertiu o coordenador humanitário interino da ONU no país, Pierre Honnorat, em um comunicado publicado no domingo (24).
Uma associação de hospitais privados do Haiti, que proporciona mais de 70% da atenção hospitalar e de emergência à população, disse que estava emitindo "um grito de alerta para o governo".
"Com esta escassez de combustível, a continuidade dos serviços vitais de 40 hospitais para setores inteiros da população está ameaçada. Os mais pobres podem pagar muito caro", disse ontem a associação.
Essa foi a mesma preocupação manifestada pela ONG internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF), que está presente no Haiti há 30 anos.
"Se a situação continuar assim, o hospital de traumatologia e queimados de Tabarre, em Porto Príncipe, que recebe uma média de 155 pacientes por mês, poderia ter que reduzir suas atividades e restringir seus critérios de admissão nos próximos dias", afirmou a MSF.
As gangues que controlam grande parte de Porto Príncipe bloquearam as estradas que levam aos terminais de petróleo, impedindo o fornecimento regular aos postos de combustível há alguns meses.
A situação já está provocando o fechamento do serviço de telecomunicação móvel, cujas antenas se alimentam de geradores.
"Mais de 300 dos 1.500 locais da Digicel estão afetados pela escassez de combustível", disse Jean-Philippe Brun, diretor de operações da companhia telefônica, que controla 75% do mercado haitiano.
As escolas e os estabelecimentos comerciais permaneceram fechados nesta segunda-feira (25) na capital haitiana, e as ruas, normalmente congestionadas pelo trânsito, estavam desertas após a convocação de uma greve por parte dos sindicatos do transporte público para protestar contra a crescente insegurança.
Desde junho deste ano, os grupos armados aumentaram o número de sequestros em todo o país.
Um dos grupos criminosos mais poderosos do país exige 17 milhões de dólares de resgate para libertar um grupo de missionários e suas famílias - 16 cidadãos americanos e um canadense - que foram sequestrados em 16 de outubro em uma região situada a leste de Porto Príncipe.
* AFP