O Exército da Etiópia lançou um bombardeio nesta quinta-feira (28) contra a capital da região do Tigré, Mekele, o que causou 10 mortes - informou uma fonte médica.
O governo etíope declarou que o ataque, o último até agora em uma campanha que começou em 18 de outubro, atingiu uma fábrica em Mekele usada pelos rebeldes da Frente de Libertação do Povo do Tigré (TPLF, na sigla em inglês).
As forças federais travam há um ano uma guerra contra a TPLF.
A Força Aérea "destruiu uma parte da fábrica Mesfin de engenharia industrial. Este local era usado pelo grupo terrorista TPLF para a manutenção de seu equipamento militar", anunciou a porta-voz do governo etíope, Selamawit Kassa.
Hayelom Kebede, diretor de pesquisa do hospital Ayder de Mekele, o principal estabelecimento médico da região, disse à AFP que o ataque atingiu uma área residencial.
"O saldo chega a dez" mortos, relatou o médico.
A Assessoria de Comunicação do Tigré, canal de informações vinculado à TPLF, também noticiou as mortes e afirmou que o bombardeio atingiu uma área residencial.
Pela manhã, o porta-voz da TPLF, Getachew Reda, confirmou um bombardeio contra a capital do Tigré e disse que a defesa antiaérea rebelde "entrou em ação contra uma aeronave inimiga".
As comunicações foram bloqueadas em grande parte do norte da Etiópia e o acesso de jornalistas é restrito, tornando difícil para fontes independentes verificarem o que está acontecendo no local.
Desde a semana passada, as forças federais bombardeiam a região praticamente todos os dias.
De acordo com a ONU, dois bombardeios realizados em 18 de outubro em Mekele mataram três crianças e feriram várias pessoas.
Além disso, outra pessoa foi morta em bombardeios realizados nos dias seguintes.
A ONU alerta que, à medida que a violência se intensifica, a situação humanitária catastrófica em Tigré se agrava. O organismo estima que cerca de 400 mil pessoas estão em risco de fome.
Após vários meses de tensões, o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, enviou o Exército federal para esta região em 4 de novembro de 2020 com a intenção de expulsar as autoridades regionais dissidentes da TPLF. Até 2018, esta frente detinha o poder em toda Etiópia.
A guerra abalou as relações entre a Etiópia e seus parceiros ocidentais, especialmente os Estados Unidos, um aliado histórico.
Recentemente, Estados Unidos, França, Alemanha e Reino Unido pediram aos envolvidos que "parem imediatamente os abusos e iniciem negociações para um cessar-fogo".
* AFP