O presidente Jair Bolsonaro chegou a Nova York sem estar vacinado, descumprindo uma exigência das autoridades locais e uma recomendação das Nações Unidas, o que provocou a indignação do prefeito da cidade, Bill de Blasio.
No encontro que teve nesta segunda-feira com o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, o presidente comentou, entre risos: "Ainda não me vacinei." O interlocutor recomendou a vacina britânica AstraZeneca.
O prefeito de Nova York reprovou a atitude de Bolsonaro: "Devemos mandar uma mensagem a todos os líderes do mundo, incluindo, e muito particularmente, Bolsonaro, do Brasil, de que aquele que desejar vir tem que estar vacinado, porque todos deveríamos estar seguros juntos", declarou.
O prefeito havia exigido na semana passada que todos os integrantes das delegações que fossem participar da Assembleia Geral da ONU, que começa amanhã, estivessem vacinados. A intervenção do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, impediu que Bolsonaro ficasse na rua.
Guterres alegou a desigualdade no acesso às vacinas nos países em desenvolvimento para ser mais permissivo com os visitantes das instalações do fórum multilateral. O prefeito De Blasio lembrou que a cidade está ajudando os delegados que quiserem se vacinar.
- Pedaço de pizza -
Bolsonaro, 66, foi fotografado ontem comendo um pedaço de pizza em uma rua de Nova York, uma consequência, segundo a imprensa brasileira, de sua recusa a se vacinar contra o coronavírus. Em todos os lugares públicos da cidade é necessário apresentar um comprovante de vacinação, acompanhado de um documento de identidade.
"Jantar de luxo em Nova York", brincou o ministro da Secretaria da Presidência, Luiz Eduardo Ramos, em tuíte publicado na noite de domingo e ilustrado com a foto de Bolsonaro degustando um pedaço de pizza com vários integrantes de sua delegação.
"Vamos comer pizza com coca-cola", escreveu o ministro do Turismo, Gilson Machado, no Instagram.
"O Bolsonaro gosta de simular simplicidade e modéstia em momentos como este (...), mas não é uma questão de gosto ou escolha, mas sim uma imposição da lei em vigor em Nova York", explicou o colunista Reinaldo Azevedo no portal de notícias UOL.
O presidente brasileiro fará o primeiro discurso na Assembleia Geral da ONU nesta terça-feira, antes do colega Joe Biden.
Muito criticado por sua gestão da crise sanitária, Bolsonaro, que costuma dizer que já está imunizado por ter se infectado com o novo coronavírus no ano passado, afirma que será "o último brasileiro" a receber uma vacina anticovid.
Após chegar a Nova York, ontem à noite, Bolsonaro teve que usar a porta dos fundos para entrar em seu hotel sem encontrar os manifestantes que o aguardavam perto da entrada principal aos gritos de "Fora Bolsonaro!", segundo a imprensa.
* AFP