Nesta sexta-feira (24), milhares de defensores do clima, mobilizados pela ativista sueca Greta Thunberg, se manifestaram na Alemanha para pressionar os candidatos e exigir ações decisivas contra o aquecimento global.
— Os partidos políticos não estão fazendo o suficiente (para combater a mudança climática) — afirmou Greta em um discurso diante de milhares de pessoas reunidas em frente ao Reichstag em Berlim, sede do Parlamento alemão.
— Sim, devemos votar e vocês devem votar. Mas não se esqueçam que apenas o voto não será suficiente. Devemos continuar saindo às ruas para exigir que nossos governantes tomem medidas concretas a favor do clima — declarou.
— Esta é a votação do século, no que diz respeito ao futuro do planeta — declarou Luisa Neubauer, diretora na Alemanha do movimento Fridays for Future (Sextas-Feiras para o Futuro), em uma entrevista à AFP.
Iniciado em 2018, o Sextas-Feiras para o Futuro virou uma plataforma da jovem "geração climática". Nesta jornada, o movimento celebra sua oitava "greve" em mais de 70 países, com mobilizações em 470 cidades da Alemanha.
O Acordo de Paris de 2015 sobre o clima pediu para limitar o aquecimento global abaixo de 2°C, idealmente em 1,5°C.
No entanto, em um relatório recente, a ONU concluiu que reduzir o aquecimento global para 1,5°C será impossível sem uma redução massiva e imediata das emissões de gases de efeito estufa.
E enquanto isso, "o mundo está em um caminho catastrófico para 2,7°C", advertiu recentemente o secretário-geral da ONU, António Guterres.
Eleições na Alemanha
Dois dias antes de eleições legislativas cruciais, a chanceler alemã, Angela Merkel, pediu nesta sexta-feira (24) que os eleitores votem no candidato de seu partido, Armin Laschet, para manter a "estabilidade" do país.
— Para que a Alemanha permaneça estável, Armin Laschet deve se tornar o chanceler federal — disse Merkel durante um comício em Munique antes das eleições de domingo, que pressagiam um duelo muito acirrado entre o social-democrata e seu rival de direita.
— A questão de quem governa na Alemanha não é trivial — acrescentou a chanceler, que deixará o cenário político após 16 anos à frente da primeira economia europeia.
Depois de permanecer à margem da campanha, no último mês Angela Merkel não poupou esforços para expressar apoio a Laschet, um político impopular que cometeu várias gafes.
Merkel estará com ele neste sábado (25) no encerramento da campanha no reduto de Laschet na cidade de Aachen, perto da fronteira com a Bélgica.
Nesta sexta-feira, Merkel também se pronunciou contra o candidato do SPD, alertando para o cenário de vitória do social-democrata Olaf Scholz, que lidera as pesquisas.
— Dá para imaginar um governo vermelho-vermelho-verde? — disse aos representantes da CDU e da CSU, reunidos na maior cidade da Baviera (sul) para este último encontro de campanha.
"Renovação"
Por sua vez, Scholz pediu na sexta-feira uma "renovação" e "uma mudança de governo" durante seu último grande comício de campanha em Colônia (oeste).
— Precisamos de uma renovação para a Alemanha. Precisamos de uma mudança de governo e queremos um governo liderado pelo SPD — afirmou o social-democrata, ministro das finanças e vice-chanceler do governo cessante, que encerrará sua campanha em Potsdam, onde aspira a ganhar um assento de deputado.
A candidata ecologista, Annalena Baerbock, participou nesta sexta-feira na manifestação pelo clima organizada em Colônia (oeste) e fará o último comício em Düsseldorf.
As pesquisas apontam uma disputa acirrada entre os social-democratas, com 25% das intenções de voto, e os conservadores (CDU/CSU), que subiram para 23% na pesquisa mais recente do instituto Civey, divulgada na quinta-feira (23).
Com uma campanha considerada decepcionante, o Partido Verde aparece na pesquisa com 15% das intenções de voto, à frente do Partido Liberal (12%).
Em seus programas eleitorais, os três candidatos destacam a questão climática como uma das grandes prioridades para os próximos quatro anos e se comprometem a lutar para limitar o aquecimento global a +1,5°C.
Mas os meios para alcançar os objetivo variam entre as formações. Enquanto a esquerda aposta em uma intervenção do Estado, a direita prefere uma ação mais importante do setor privado.