Os islandeses votam, neste sábado (25), em eleições que podem significar o fim de uma coalizão sem precedentes, mas bem-sucedida, que reúne direita e esquerda, vítima de um cenário político altamente fragmentado.
A formação de uma nova aliança para liderar este pequeno país de 370 mil habitantes, 255 mil deles eleitores, parece complicada.
A primeira-ministra Katrin Jakobsdottir, de 45 anos, líder de um movimento ambientalista de esquerda que nunca havia governado a Islândia, lutará por um segundo mandato.
"Muitos partidos ameaçam aumentar os impostos e isso não é bom: já temos muitos!", disse Jon Sigurdsson, empresário de 47 anos, após votar na capital Reykjavik.
De acordo com as pesquisas, um recorde de nove partidos dividirão as cadeiras do Althingi (Parlamento). Não se sabe, portanto, qual aliança sairá das eleições.
"É difícil para os políticos, mas acho melhor ter todos ao redor da mesa", opinou Thorsteinn Thorvaldsson, um islandês de 54 anos.
Com 33 deputados em 63, a coalizão atual é uma aliança heterogênea composta pelo Partido da Independência de Bjarni Benediktsson (conservador, 16 cadeiras), o Partido do Progresso (centro-direita, com oito) e o movimento Esquerda-Verdes de Jakobsdottir (que passou de 11 para 9 cadeiras após a saída de dois deputados).
Embora algumas pesquisas apostem que esta equipe alcançará uma ligeira maioria, outras preveem seu fracasso, a menos que uma quarta formação se junte a eles.
- Muitos partidos, muitas opções -
"Há tantos partidos que acho que haverá diferentes possibilidades de formar um governo", disse a primeira-ministra esta semana em entrevista à AFP.
Embora seja popular por seu estilo consensual e seu bom gerenciamento da pandemia do coronavírus, seu partido tem entre 10 e 12% das intenções de voto e pode perder várias cadeiras.
Durante seu mandato, a dirigente tornou o imposto de renda mais proporcional, aumentou a verba para habitação social e ampliou as licenças-maternidade e paternidade.
Mas também teve que fazer concessões para manter viva a coalizão, por exemplo, prometendo um parque nacional no centro de um país com 32 vulcões ativos e 400 geleiras.
Seu governo conseguiu chegar ao fim do mandato, pela primeira vez desde 2008. Entre 2007 e 2017, os islandeses tiveram que ir às urnas em cinco ocasiões para eleger seus deputados em um contexto de desconfiança da classe política e repetidos escândalos.
O Partido da Independência, que oscila entre 20 e 24% das intenções de voto, deve continuar sendo a principal formação política do país e seu presidente, Bjarni Benediktsson, pretende se beneficiar disso.
Herdeiro de uma família de líderes da direita islandesa, o ex-primeiro-ministro (janeiro-novembro de 2017) e atual chefe da pasta de Finanças sobreviveu ao seu envolvimento no escândalo do Panama Papers.
"Estou otimista, me sinto apoiado", proclamou ele em um comício na segunda-feira em que previu que seu partido continuará a ser "a espinha dorsal de um novo governo".
Mas, de acordo com as pesquisas, pelo menos cinco partidos devem obter entre 10 e 15% dos votos: o movimento Esquerda-Verdes, o Partido do Progresso, a Aliança Social-democrata (esquerda), os Piratas (libertários) e Reforma (centro-direita).
Os primeiros resultados serão anunciados ainda neste sábado, após o encerramento das seções eleitorais às 22h GMT (19h00 de Brasília).
* AFP