Monumento denunciado como símbolo racista nos Estados Unidos, a gigantesca estátua do líder militar dos confederados do Sul derrotados na Guerra Civil foi retirada nesta quarta-feira (8) no Estado de Virgínia, após vários anos de tensões sobre o passado escravista do país.
Depois de descansar por mais de 130 anos sobre seu pedestal de 12 metros de altura, a estátua do general Robert Lee foi suavemente retirada por um guindaste em Richmond, antiga capital secessionista durante a Guerra Civil (1861-1865).
Localizada ao Sul de Washington, Richmond "não é mais a capital da Confederação", disse seu prefeito, o afro-americano Levar Stoney.
Centenas de pessoas se reuniram para observar a operação a distância. Alguns ergueram os punhos, fizeram piadas ou aplaudiram quando a imponente peça de bronze, obra do artista francês Antonin Mercié, foi arrancada de seu pedestal.
Robert Lee, o principal líder militar dos Confederados, lutou com os Estados do sul dos Estados Unidos contra os do Norte, principalmente para preservar a escravidão em vigor.
Uma batalha judicial iniciada por defensores da manutenção da estátua confederada atrasou o processo de desmantelamento, validado na semana passada por uma decisão da Suprema Corte da Virgínia.
— Esta ação apaga uma mancha na história da Virgínia e na história dos Estados Unidos — afirmou Muhammad Abdul Rahman, funcionário da associação civil local.
— De quem é esta rua? É nossa! — gritavam as pessoas reunidas nesta quarta-feira na Monument Avenue, uma rua de Richmond delimitada até 2020 por outras estátuas que glorificam os perdedores da guerra.
Embora muitos monumentos confederados em todo o país tenham sido recentemente derrubados secretamente e de forma não oficial, às vezes de madrugada, sob pressão do movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam), o governador democrata da Virgínia, Ralph Northam, quis dar uma repercussão nacional à retirada da estátua do militar.
O governador Northam disse que a estátua removida será levada para um depósito e depois ele trabalhará "com a comunidade para determinar seu futuro".
Northam anunciou sua intenção de retirar a estátua de Lee em junho de 2020, 10 dias depois que George Floyd, um homem negro, foi assassinado por um policial branco em Minneapolis (Minnesota, norte).
Essa morte desencadeou em nível nacional e em muitos outros países o movimento Black Lives Matter de denúncia da discriminação racial e da violência policial. Além disso, reviveu com força o debate sobre o passado escravista do país.
Os monumentos que exaltam Robert Lee e outras grandes figuras de Estados do Sul são hoje considerados símbolos racistas por boa parte dos americanos; outros consideram que fazem parte de seu patrimônio histórico.