Cuba, que enfrenta o momento mais crítico da pandemia, começará a imunizar na sexta-feira sua população de 2 a 18 anos com suas vacinas anticovid Abdala e Soberana 02, uma condição exigida pelo governo para a reabertura das escolas, segundo informações oficiais divulgadas nesta quarta-feira (1).
A campanha de vacinação pediátrica faz parte de uma estratégia do governo que pretende que "92,6%" dos 11,2 milhões de cubanos recebam "as três doses de imunização no mês de novembro", destacou a Presidência de Cuba em sua página na internet.
A campanha de imunização pediátrica começará na próxima sexta e abrangerá gradativamente toda a população de 2 a 18 anos. "Será intensiva", disse a diretora de Ciência e Inovação do Ministério da Saúde (Minsap), Ileana Morales, citada pelo site.
Atualmente, Cuba desenvolve testes clínicos na população infantil com a Abdala e a Soberana, mas nenhuma das duas vacinas recebeu até agora a autorização para uso emergencial em menores de idade.
No entanto, Morales informou que "este processo foi autorizado pelo Centro de Controle Estatal de Medicamentos (Cecmed)", regulador local.
Ao anunciar na terça-feira a retomada do ensino à distância, a ministra da Educação, Ena Elsa Velázquez, explicou que, em conjunto com o Minsap, acordou-se que as escolas do país não vão abrir até que os estudantes estejam imunizados.
Cuba tinha conseguido gerenciar a crise sanitária até que em julho passado a variante delta disparou o número de casos e óbitos, pondo em xeque seus serviços de saúde.
Até esta quarta-feira, a ilha acumulava 659.464 casos e 5.377 mortos. Segundo o Minsap, até o começo de agosto, 95.100 menores tinham se contagiado em Cuba e sete morreram.
Sob embargo dos Estados Unidos desde 1962, Cuba começou a desenvolver suas próprias vacinas na década de 1980 e conta com três imunizantes próprios contra o coronavírus: Abdala, Soberana 02 e Soberana Plus, embora não sejam ainda reconhecidas pela OMS.
Em maio, quando teve início a campanha de vacinação, o governo se propôs a fornecer o antiviral a 70% da população até agosto e chegar a 100% em dezembro, mas atualmente apenas 3,7 milhões de cubanos estão imunizados (33,8%). Por causa desse atraso, a ilha também começou a usar no domingo a vacina chinesa Sinopharm.
Os testes pediátricos estão em curso em outros países como a China, cujo laboratório Sinovac aprovou em junho o uso da vacina em menores de 3 a 17 anos, embora não tenha determinado quando começará a aplicá-la.
Nos Estados Unidos, a vacina continua disponível com autorização de uso emergencial para crianças de 12 a 15 anos, mas os médicos podem prescrevê-la a menores de 12 se acreditarem que será benéfica.
Israel autorizou no fim de julho a vacina para crianças entre 5 e 11 anos, suscetíveis de sofrer complicações graves ligadas à covid-19.
* AFP