Em seu primeiro pronunciamento como presidente dos Estados Unidos, em março deste ano, Joe Biden prometeu que o feriado de 4 de julho seria o marco da volta do país à normalidade, graças à vacinação contra a covid-19. O dia chegou, mas sem que a Casa Branca alcançasse a meta de vacinação de 70% dos adultos.
Porém, a média semanal de mortes diárias da nação caiu 93,6% desde a posse de Biden: de 3.366, elas passaram para 214. Assim, com cerca de 50% da população totalmente imunizada, o presidente dos Estados Unidos comemora o recuo da pandemia com celebrações em todo o país. As autoridades de saúde, por sua vez, mantêm mensagens de alerta e apelos para que os norte-americanos se vacinem.
No ano passado, os desfiles do Dia da Independência foram cancelados para evitar aglomerações. Agora, eventos ao redor do país com participação de Biden, da primeira-dama, Jill, e da vice-presidente, Kamala Harris, passam a mensagem ao mundo de que os Estados Unidos estão prontos para um verão sem restrições. Norte-americanos já circulam sem máscaras, viajam e frequentam grandes festivais de música e arenas esportivas lotadas.
— As mortes diminuíram em mais de 90% desde 20 de janeiro— comemorou nesta semana o coordenador do combate à pandemia da Casa Branca, Jeff Zients.
— Neste fim de semana, milhões de americanos poderão celebrar juntos, não só com famílias e amigos próximos em pequenos churrascos no quintal, mas com sua comunidade para grandes festivais, desfiles e fogos de artifício, comemorando o Dia da Independência de nosso país e o progresso que fizemos juntos contra o vírus — afirmou Zients.
Os Estados Unidos chegam a este feriado com 181,6 milhões de pessoas vacinadas, o equivalente a dois a cada três adultos. Na comparação global, o país está entre os poucos que vacinaram mais da metade dos residentes. Mas os números frustram autoridades do governo norte-americano, que conta com doses o suficiente para vacinar três vezes a população total e esperava estar mais perto de um patamar seguro de imunização coletiva a esta altura.
Ainda que distante do dos piores momentos da pandemia, os Estados Unidos assistem ao aumento no contágio, associado à maior circulação da variante Delta e à estagnação nos números de vacinados.
Biden estabeleceu a meta de vacinar pelo menos 70% dos adultos com ao menos uma dose até hoje, mas chegou a 66,8% dos maiores de 18 anos. Considerando a população total, os Estados Unidos têm 54,7% de vacinados com ao menos uma dose e 47,1% com a imunização completa.
No início de abril, quando doses ficaram disponíveis para vacinar praticamente todo estadunidense que desejasse, o país viveu dias com mais de 3 milhões de novos vacinados. Mas a demanda começou a cair, mesmo com as facilidades para a imunização. Cerca de mil condados norte-americanos têm cobertura vacinal abaixo de 30% — a maioria deles no Meio-Oeste e no Sudeste do país.
A resistência entre eleitores republicanos — especialmente de áreas rurais — tem sido um desafio para o sucesso da campanha de vacinação. Com base em relatos colhidos em um comício do ex-presidente Donald Trump pelo Estadão, vacinar-se é motivo de vergonha entre eleitores do republicano.
Um levantamento feito por pesquisadores de Harvard nos distritos eleitorais mostra que 38 dos 39 distritos com mais de 60% da população vacinada elegeram democratas para o Congresso. Os distritos republicanos representam 29 dos 30 distritos que têm cerca de 30% vacinados.
O número de mortes e internações caiu consistentemente, mas a média semanal de casos de covid cresceu 9,1% na última semana, para 12,6 mil novas infecções diagnosticadas por dia. Em janeiro, o país registrava 252 mil novos casos por dia. A esmagadora maioria das mortes nos últimos seis meses (99,5%) é de não vacinados.