Mais de 600 mil pessoas morreram de covid-19 nos Estados Unidos, de acordo com dados da Universidade Johns Hopkins nesta terça-feira (15), um lembrete de que centenas de norte-americanos continuam morrendo diariamente pela pandemia, apesar da campanha de vacinação.
Esse "triste marco", como classificou o presidente Joe Biden, ocorre em um momento em que o país tenta retornar à normalidade.
A Califórnia, o Estado mais populoso do país, suspendeu nesta terça quase todas as restrições. E 70% dos cidadãos do Estado de Nova York já foram vacinados com pelo menos uma dose, permitindo ao governador Andrew Cuomo anunciar o fim das últimas restrições.
Os Estados Unidos são de longe o país com o maior número de mortes por coronavírus, segundo a contagem feita pela AFP com base em dados oficiais de todo o mundo, à frente do Brasil e da Índia.
— Ainda estamos perdendo muitas vidas, uma verdadeira tragédia. Meus pensamentos estão com todos aqueles que perderam um ente querido — disse Biden na segunda-feira (14) em Bruxelas, onde estava para a cúpula da Otan.
— Ainda temos trabalho a fazer para derrotar esse vírus. Agora não é hora de baixar a guarda — acrescentou, conclamando os norte-americanos a se vacinarem "o mais rápido possível".
As autoridades promovem a campanha de imunização desde a autorização das primeiras vacinas, em dezembro. Ela atingiu seu auge em abril, com mais de 4 milhões de injeções por dia.
Mas o ritmo diminuiu rapidamente desde então, e aqueles que não foram vacinados permanecem vulneráveis à doença. Pouco mais de 52% da população dos EUA e 64% dos adultos receberam pelo menos uma dose de um dos três imunizantes licenciados no país, de acordo com as autoridades de saúde.
Biden estabeleceu como meta que 70% dos adultos tenha recebido pelo menos uma dose da vacina até o feriado nacional de 4 de julho.
Preocupação com a variante delta
A Câmara dos Representantes fez um minuto de silêncio na segunda-feira em homenagem aos 600 mil mortos. A marca de 500 mil óbitos foi ultrapassada no final de fevereiro, há pouco menos de quatro meses.
Para efeito de comparação, apenas um mês se passou entre o marco de 400 mil e 500 mil mortes. Portanto, o número de mortes diárias caiu drasticamente, mas ainda está acima de 300 por dia em média, segundo os Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC), principal órgão federal de saúde pública do país.
O número de novos casos diários começou recentemente a estagnar em 13 mil. Nesse contexto, especialistas estão preocupados com a chegada da variante delta, que apareceu inicialmente na Índia.
"Sua transmissibilidade é maior" e ela "pode estar associada a casos mais graves", alertou o médico Anthony Fauci na semana passada, durante uma coletiva de imprensa da equipe da Casa Branca à frente da crise sanitária.
Essa variante representa atualmente cerca de 10% dos casos no país. Porém, pode substituir a variante alpha, que apareceu no Reino Unido, como a dominante.
As vacinas seguem "felizmente" sendo eficazes contra a delta, esclareceu Fauci. "Uma alta taxa de vacinação é a melhor maneira de combater a variante delta", tuitou na segunda-feira Ashish Jha, pesquisador da Escola de Saúde Pública da Universidade de Brown, enquanto expressava sua "preocupação" com sua "rápida disseminação".
Cerca de um terço da população norte-americana não planeja se vacinar tão cedo, de acordo com uma pesquisa da Kaiser Family Foundation divulgada no final de maio. Enquanto alguns dos que rejeitam a inoculação o fazem com veemência, outros estão simplesmente indecisos e as autoridades estão fazendo de tudo para convencê-los, aumentando o número de centros de vacinação e também os meios de chegar até eles.
Alguns Estados até criaram loterias para os vacinados, com prêmios que chegam a vários milhões de dólares.