Território de condições extremas, o Ártico, tema de uma reunião de seus oito países limítrofes nesta quinta-feira (20), na Islândia, é uma região cobiçada pelos seus recursos naturais, mas também muito ameaçada pela mudança climática.
- Território extremo, único no mundo -
Geograficamente, a zona ártica se estende do Polo Norte ao círculo polar ártico (latitude 66°), pouco mais de 21 milhões de km2.
Inclui o oceano Ártico, as regiões setentrionais da Noruega, Islândia, Suécia, Finlândia, os arquipélagos do grande norte do Canadá, Groenlândia (Dinamarca), as costas mais ao norte da Rússia e Alasca (Estados Unidos). A definição política inclui outros territórios, como a Lapônia.
Delimitado pela Europa, Ásia e América, o oceano Ártico tem mais de 14 milhões de km2 de extensão.
O desenvolvimento da vida nesta região é muito lento, devido às baixas temperaturas que podem cair até -50°C e a uma luminosidade muito fraca na maior parte do ano. Apenas um tipo de vegetação consegue resistir nessas condições climáticas extremas: a tundra.
No período de inverno, a camada de gelo se reconstitui até alcançar, em maio, uma superfície de 14 milhões de km2. No verão, derrete e se reduz para cerca de cinco milhões de km2, em setembro.
- Quatro milhões de habitantes -
Sua população é de aproximadamente quatro milhões de habitantes, 500.000 dos quais são autóctones: inuit (esquimós), sami (lapões), yakuts (sajas) e pequenas comunidades do norte da Rússia, como os nenets ou os aleutas.
Além das oito nações limítrofes, seis organizações indígenas estão representadas no Conselho do Ártico. Esta instância de cooperação regional, criada em 1996, tem como objetivo promover "os aspectos ambientais, econômicos e sociais do desenvolvimento sustentável na região". Seus ministros das Relações Exteriores celebram uma reunião a cada dois anos.
- Biodiversidade ameaçada -
O Ártico, que abriga mais de 21.000 espécies de animais ou vegetais, é uma das últimas regiões do mundo que permanece em estado selvagem. No entanto, o desenvolvimento das atividades ameaça a preservação da biodiversidade.
A mudança climática, que resulta na redução da camada de gelo, é outra ameaça para várias espécies emblemáticas, como os ursos polares e as focas.
Entre 1971 e 2019, o aquecimento no Ártico foi três vezes mais rápido do que em outras partes do planeta, segundo um relatório do Programa de Avaliação e Vigilância do Ártico (AMAP). O ar, o gelo e a água interagem em um ciclo vicioso de aquecimento.
Em 2019 e 2020, as temperaturas atingiram níveis recordes. No ano passado, a camada de gelo alcançou sua segunda menor superfície já registrada, depois de 2012.
- Paraíso polar -
O Ártico é um território muito cobiçado pelos Estados que o delimitam, e por outros mais distantes, como a China. Além disso, esses recursos estão cada vez mais acessíveis com o aumento do degelo.
A Rússia tornou o desenvolvimento dos recursos naturais do Ártico uma de suas prioridades.
A Noruega também conta com os recursos no grande norte, já que o mar de Barents inclui mais de 60% das reservas de petróleo do país.
Por sua vez, Donald Trump aprovou um programa que permitia a exploração de hidrocarbonetos na maior área natural protegida dos Estados Unidos, no Alasca, mas seu sucessor Joe Biden não deu continuidade ao plano.
Neste contexto, a corrida das reivindicações territoriais se acelera. Moscou, Washington, Ottawa, Oslo e Copenhague exigem a extensão de seu "planalto continental", além de sua zona econômica exclusiva de 200 milhas náuticas.
- Vias marítimas estratégicas -
O derretimento acelerado do gelo abre novos trajetos marítimos, que terão um papel estratégico a nível internacional.
A Rússia, que busca desenvolver o tráfego pela passagem do Nordeste para unir Europa e Ásia, abriu múltiplas bases militares e científicas.
Do outro lado, a rota do Noroeste, ao longo do Canadá, permitiria também reduzir consideravelmente a distância entre os oceanos Atlântico e Pacífico.
* AFP