O ex-presidente americano Donald Trump manifestou aos conservadores neste domingo (28) que considera disputar novamente a presidência em 2024, ao reafirmar seu domínio sobre o Partido Republicano, e alertou para uma "luta" pela sobrevivência dos Estados Unidos.
Ecoando a política de queixas de sua campanha de 2016 e a retórica dura de seu mandato, o ex-presidente de 74 anos dirigiu-se a uma plateia entusiasmada durante a Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), realizada em Orlando, na Flórida.
Em seu primeiro discurso relevante desde que deixou a Casa Branca, em 20 de janeiro, Trump repetiu suas afirmações sem provas de que foi o real vencedor da última eleição presidencial, e não o candidato democrata, Joe Biden, e criticou os republicanos que votaram contra ele no último processo de impeachment.
— Com a sua ajuda, retomaremos a Câmara, conquistaremos o Senado e, então, um presidente republicano fará um retorno triunfal à Casa Branca, e me pergunto quem será? — disse Trump, sendo ovacionado.
— Quem sabe? — deixou no ar, sobre seus potenciais planos.
— Posso até decidir vencê-los pela terceira vez, ok?
Banido do Twitter e de outras redes sociais, Trump mantém um perfil pós-presidencial discreto em seu resort de Mar-a-Lago.
— Estamos em uma luta pela sobrevivência dos Estados Unidos tal qual o conhecemos. Esta é uma luta terrível, dolorosa. Em última instância, sempre vencemos — afirmou o ex-presidente, que descartou os rumores de que poderia usar sua base de apoio para criar um novo partido político:
— Temos o Partido Republicano. Ele irá se unir e se tornar mais forte do que nunca.
Em seu discurso de 90 minutos, Trump atacou Biden, afirmando que o democrata acabou de concluir um primeiro mês "desastroso" na Casa Branca. Também criticou os imigrantes e a "cultura do cancelamento", as políticas de Biden para as mudanças climáticas e o setor energético, e insistiu em que "atitudes ilegais" dos democratas lhe custaram a reeleição.
O ex-presidente também mirou nos republicanos que considera que o traíram, em um forte sinal de que tentará ajudar a derrubá-los nas próximas eleições. Ele citou pelo nome os 10 republicanos que votaram por seu impeachment na Câmara dos Representantes e os sete republicanos que votaram, sem sucesso, para condená-lo no Senado.
Trump se mantém como principal força do Partido Republicano, o que deixou claro de que está ciente quando descreveu seu próprio apoio como "o ativo mais poderoso na política".
Em pesquisa feita durante a conferência, sete em cada 10 entrevistados disseram desejar uma nova candidatura de Trump. Sobre o rumo do partido, o apoio ao trumpismo mostrou-se sólido, com 95% dos entrevistados apoiando a continuidade das políticas e da agenda do ex-presidente.
Questionados sobre quem preferem como candidato do partido em 2024, 55% escolheram Trump, com o governador da Flórida, Ron DeSantis, em um distante segundo lugar, com 21%. O estrategista republicano Karl Rove declarou, no entanto, que esperava um resultado mais expressivo para Trump, principalmente em um evento tão favorável ao ex-presidente.
— Eu interpretaria isso como uma nota de advertência — disse ao Fox News.
Para alguns republicanos, como o senador Bill Cassidy, que votou para condenar Trump, deixar de ser um bilionário impetuoso é fundamental.
— Os republicanos podem vencer abordando as questões importantes para o povo americano, e não colocando alguém em um pedestal — declarou à rede de TV CNN.