Uma juíza determinou, no domingo (14), quatro meses de prisão preventiva para a ex-presidente da Bolívia Jeanine Áñez pelo caso do suposto golpe de Estado contra o ex-presidente esquerdista Evo Morales, em 2019, uma acusação que ela nega.
"Me enviam para quatro meses de detenção para esperar o julgamento por um 'golpe' que nunca aconteceu", afirmou Áñez, no Twitter, após ouvir a resolução da juíza Regina Santa Cruz, durante uma audiência cautelar que durou várias horas.
Santa Cruz ouviu os argumentos das duas partes, tanto a Promotoria como os advogados de defesa de Áñez e de seus ex-ministros da Justiça, Álvaro Coímbra, e da Energia, Rodrigo Guzmán, todos detidos entre sexta-feira e sábado.
O Ministério Público havia solicitado seis meses de prisão preventiva para os três políticos.
Áñez, que acompanhou a audiência de uma dependência policial, acrescentou no Twitter: "Daqui, peço à Bolívia que tenha fé e esperança. Um dia, com todos, construiremos uma Bolívia melhor".
A ex-presidente, de 53 anos, foi detida no sábado na cidade de Trinidad, capital do departamento de Beni (600 km ao nordeste de La Paz), depois de Coímbra e Guzmán, os três denunciados por sedição, terrorismo e conspiração.
Áñez, advogada, política e ex-apresentadora de televisão, foi detida quando estava escondida em uma cama box na casa de um parente.
O nome de Áñez, que deixou o governo em novembro de 2020, aparece em uma denúncia feita em dezembro pela ex-deputada do governante Movimento Ao Socialismo (MAS) Lidia Patty contra o líder cívico da rica região de Santa Cruz, Luis Fernando Camacho, governador eleito do departamento em uma votação recente.
O MP da Bolívia justificou o pedido de detenção por uma suposta conspiração para executar um "suposto golpe de Estado" contra Morales, que renunciou em novembro de 2019 durante grandes distúrbios sociais. Os opositores de direita e centro denunciaram na época que Morales, que estava no poder desde 2006, havia cometido fraudes nas eleições presidenciais do mês anterior para governar de maneira ininterrupta até 2025.
Os protestos provocaram um motim policial e um pedido das Forças Armadas para que Morales recuasse, o que obrigou o então presidente a renunciar e seguir para o exílio no México, antes de viajar para a Argentina como refugiado. Na ação, figuram cinco ex-ministros de Áñez e chefes de polícia, militares e civis, alvos de ordens de detenção.