A empresa de biotecnologia Moderna informou nesta segunda-feira (25) que estudos de laboratório demonstraram que sua vacina contra a covid-19 protege contra variantes do coronavírus identificadas no Reino Unido e na África do Sul.
A vacina deve "proteger contra as variantes detectadas até o momento", informou a empresa após a realização de testes de laboratório.
Os cientistas se preocupam com a eficácia das vacinas desenvolvidas na mutação surgida na África do Sul.
Apesar desses dados, Moderna disse que trabalharia para desenvolver uma dose adicional para aumentar ainda mais a proteção contra essas variantes.
"Para uma maior precaução e aproveitando a flexibilidade de nossa plataforma de RNAm (ácido ribonucleico mensageiro, ndlr.), estamos avançando em laboratório em uma variante candidata de reforço emergente contra a variante identificada pela primeira vez na República da África do Sul", indicou.
"Acreditamos que é imperativo permanecer pró-ativos conforme o vírus evolui", destacou o executivo da Moderna.
Para estudar o impacto da vacina existente, chamada mRNA-1273, a Moderna coletou amostras de sangue de oito pessoas que receberam duas doses da vacina e de dois primatas que também foram imunizados.
No caso da variante B.1.1.7, identificada pela primeira vez no Reino Unido, não houve impacto no nível de anticorpos neutralizantes - que se juntam ao vírus e evitam que ele invada as células humanas -, os quais foram produzidos pelas injeções.
No entanto, para a variante sul-africana, a B.1.351, houve uma redução de até um sexto do nível de anticorpos neutralizantes.
Ainda assim, esses níveis de anticorpos estão acima do que foi comprovado ser suficiente para proteger em testes realizados com primatas infectados intencionalmente.
O laboratório, que realizou os estudos em conjunto com os Institutos Nacionais de Saúde americanos, enviou o estudo para um servidor de pré-impressão para que possa ser analisado pela comunidade científica em geral.
- Terceira dose? -
Um estudo de fase 1 sobre esta nova fórmula, chamado mRNA-1273.351, será lançado nos Estados Unidos. Pode ser usado para aumentar a proteção "em combinação" com outras vacinas, segundo a Moderna.
A empresa também testará o impacto de injetar uma terceira dose de sua vacina já existente.
Os dados sobre a reação à variante sul-africana podem ser uma fonte de "preocupação", disse Lawrence Young, pesquisador da Universidade de Warwick, lamentando uma declaração tão "vaga" da empresa. "Uma redução de seis vezes na quantidade de anticorpos pode ter consequências sobre a eficácia da vacina e (...) a duração" da proteção imunológica, justificou.
O anúncio desta segunda-feira é uma "boa notícia", escreveu por outro lado Akiko Iwasaki, virologista da Universidade de Yale, em sua conta do Twitter. Ela acrescentou que espera que outros laboratórios também desenvolvam novas fórmulas contra a variante sul-africana.
A mutação observada na variante que surgiu na África do Sul é de interesse particular para os cientistas pela sua possibilidade de contornar a proteção imunológica proporcionada pelas vacinas, que surgiram como antídoto.
As variantes são diferentes versões do coronavírus original, que surgem com o tempo devido às diversas mutações. Um fenômeno normal na vida de um vírus.
Várias mutações foram observadas no Sars-CoV-2 desde sua aparição, a grande maioria sem consequências. No entanto, algumas podem favorecer sua sobrevivência, e inclusive uma maior transmissibilidade.
A aliança BioNTech e Pfizer, fabricante da principal vacina administrada em nível mundial, garantiu que sua vacina é eficaz contra a mutação N501Y, observada principalmente na variante britânica, que é suspeita de ser mais contagiosa.
* AFP