O Facebook encerrou nos últimos dias as contas de vários funcionários do governo de Uganda, acusados de interferência no debate público antes da eleição presidencial de quinta-feira (14).
Uganda organiza em um clima muito tenso a eleição entre o presidente Yoweri Museveni, de 76 anos, 35 deles à frente do país, e o astro da música e deputado Bobi Wine, de 38 anos.
"Este mês (janeiro), fechamos uma rede de contas e páginas em Uganda que estavam envolvidas em um comportamento falso coordenado, com o objetivo de influenciar o debate público antes da eleição", disse o responsável de comunicação do Facebook para a África Subsaariana, Kezzia Anim-Addo, à AFP.
"Eles usaram contas falsas ou contas duplicadas para gerenciar páginas, comentaram sobre o conteúdo de outras pessoas, se passaram por usuários, compartilharam conteúdo em grupos para que parecessem mais populares do que realmente eram", disse o responsável.
"Dada a iminente eleição em Uganda, reagimos rapidamente para investigar e eliminar esta rede. Descobrimos que esta rede estava ligada ao Grupo de Interação do Governo dos Cidadãos, do Ministério da Informação de Uganda", disse o Facebook.
A responsabilidade dos gigantes da tecnologia pelo conteúdo postado em suas plataformas é atualmente objeto de intenso debate.
Nesse sentido, Twitter, Instagram e Facebook suspenderam a conta do presidente dos Estados Unidos Donald Trump, o acusando de ter incitado seus seguidores a atos de violência contra o Congresso no Capitólio, em Washington.
Essas decisões foram denunciadas por seus apoiadores como um obstáculo à liberdade de expressão, um argumento também levantado em Uganda.
Antes deste incidente, o ambiente do presidente Museveni já acusava "forças estrangeiras" - sem especificar quais - de apoiar a oposição para conseguir uma mudança de regime, uma retórica agora usada contra o Facebook.
O assessor de comunicação do presidente Yoweri Museveni, Don Wanyama, que é uma das personalidades cujas contas no Facebook foram encerradas, acusou o gigante americano de querer influenciar as eleições.
"É uma pena que as forças estrangeiras pensem que podem instalar um regime fantoche em Uganda, desativando as contas online dos apoiadores do NRM", reagiu o partido no poder. "Eles não vão se livrar do presidente Museveni", acrescentou o conselheiro.
As contas do presidente não foram afetadas pela intervenção do Facebook.
* AFP