O número de refugiados e deslocados no mundo superou a marca de 80 milhões de pessoas em meados de 2020, um recorde em plena pandemia de coronavírus, informou a Organização das Nações Unidas (ONU) nesta quarta-feira (9).
O chefe do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), Filippo Grandi, criticou o fato de o mundo ter alcançado esse "marco sombrio" e advertiu que a situação vai piorar se "os líderes mundiais não acabarem com as guerras".
— A comunidade internacional não consegue preservar a paz — disse, em referência aos deslocamentos forçados, que dobraram na última década.
No início do ano, o número de pessoas obrigadas a abandonar suas casas por perseguições, conflitos e violações dos direitos humanos era de 79,5 milhões, mas a cifra superou 80 milhões em meados de 2020, segundo os cálculos do ACNUR.
O número de 79,5 milhões inclui 45,7 milhões de pessoas deslocadas em seus países, 29,6 milhões de refugiados e outras pessoas deslocadas de forma obrigatória fora de seus países, e 4,2 milhões de demandantes de asilo.
— Os conflitos existentes e os novos, assim como o coronavírus, tiveram consequências dramáticas em suas vida em 2020 — afirmou o ACNUR em comunicado.
A violência na Síria, na República Democrática do Congo, Moçambique, Somália e Iêmen provocaram novos êxodos no primeiro semestre do ano.
As medidas adotadas na grande maioria dos países para frear a propagação da covid-19 afetaram a ajuda aos refugiados. No momento mais intenso da pandemia, em abril, 168 países fecharam de maneira total ou parcial suas fronteiras, e 90 não fizeram exceções para os solicitantes de asilo.