Cercado por neblina nesta noite fria, um comboio militar com as cores do Azerbaijão passa lentamente pelo centro deserto da cidade de Lachin, escoltado por soldados da paz russos, marcando a entrada oficial das forças de Baku à meia-noite de segunda para a terça-feira.
O comboio, composto por uma dezena de caminhões cobertos por lonas, é imponente, porém discreto: os soldados não mostram as armas, as bandeiras estão amarradas aos mastros.
A coluna de caminhões continua em direção à fronteira com a Armênia, no início do corredor de Lachin. Enquanto isso, escoltados o tempo todo pelo 4X4 russo, uma picape e um caminhão das forças azerbaijanas dirigem-se para a cidade de Lachin (Berdzor em armênio).
O grupo para a cerca de dois quilômetros do centro e entra no pátio de um prédio oficial onde já está hasteada a bandeira do Azerbaijão. Os russos bloqueiam a estrada, dando tempo a uma dezena de soldados para tirar a foto oficial, em posição de "sentido", da captura do distrito.
Nesta terça-feira, por volta das 10h, em plena luz do dia, a mesma operação de comunicação se repetiu no local, mas desta vez colocando a bandeira ao lado da estrada, para fotografar e registrar a passagem de um comboio com um alto comando azerbaijano a bordo de uma 4X4.
A maioria dos habitantes já havia saído da cidade na segunda-feira, embora haja quem permaneça à espera de dias melhores.
- "Nós ficamos" -
"Vamos ficar, vamos continuar morando aqui", afirma Vachen Sargsyan, um agricultor de 35 anos, embora ninguém possa dizer oficialmente qual será a situação da cidade, que está localizada no coração do corredor, a única conexão entre Nagorno Karabakh e a Armênia.
Por volta das 13h, um terceiro comboio de cerca de vinte caminhões de tropas azerbaijanas avançava em direção à fronteira, escoltado pelos russos. Alguns soldados levantam os polegares ao passar na frente dos habitantes do local.
Como em Lachin, o status da cidade de Aghavno, no final do corredor, perto da fronteira, é incerto.
Das cinquenta famílias que lá estavam, apenas nove permaneceram, as restantes fugiram.
"Ninguém veio nos dizer para sairmos. Oficialmente, era mais como 'não vá', mas oficialmente nos disseram para irmos embora", conta Narine Rasoyan, de 34 anos, grávida de cinco filhos, irritada com as autoridades.
Narine ficou, mas para ela a chegada dos azerbaijanos "não muda nada. Estou curiosa para ver se eles virão. Os russos estão aqui de qualquer maneira", ressalta ela.
Há vários dias que não há eletricidade, telefone ou internet na cidade.
Motivo pelo qual Narine diz, preocupada: "Se os turcos (como os armênios costumam chamar os azerbaijanos) vierem nos expulsar, como podemos avisar a alguém?".
* AFP