As tropas do Azerbaijão anunciaram a entrada na terça-feira em Lachin, o terceiro e último distrito devolvido pela Armênia, perto de Nagorno Karabakh, de acordo com o acordo assinado em 9 de novembro que encerrou semanas de combates.
"Unidades do exército do Azerbaijão entraram na região de Lachin em 1º de dezembro", informou o Ministério da Defesa do Azerbaijão em um comunicado.
É o último dos três distritos que a Armênia concordou em devolver ao Azerbaijão sob o acordo de cessar-fogo assinado sob os auspícios da Rússia.
O distrito de Lachin, assim como o distrito de Aghdam, foi devolvido em 20 de novembro, e o distrito de Kalbajar, retornado em 25 de novembro, constituiu uma zona desmilitarizada que cercava a autoproclamada república de Nagorno Karabakh desde o fim da primeira guerra, ocorrida em 1994.
Quatro outros territórios foram conquistados militarmente pelas forças azerbaijanas após seis semanas de combates intensos, que ambas as partes enfrentaram desde o final de setembro, deixando milhares de mortos.
No entanto, o acordo permite a sobrevivência de Nagorno Karabakh, uma província habitada principalmente por armênios, embora ainda permaneça sem uma parte do seu território.
Cerca de 2.000 soldados russos foram mobilizados na linha de frente para garantir o cessar-fogo e a manutenção do corredor que liga a Armênia ao enclave.
- Caminhões militares azerbaijanos -
Montanhoso e atualmente coberto de neve, o distrito de Lachin - que se estende de norte a sul até o Irã, ao longo da fronteira oriental da Armênia - é mais conhecido por causa do corredor de mesmo nome.
Controlado pelas forças de paz russas, este corredor é agora a única rota que liga Nagorno Karabakh à Armênia.
Pouco depois do anúncio de Baku, uma coluna de caminhões militares azerbaijanos, flanqueada por veículos das forças russas, passou pela cidade de Lachin (Berdzor em armênio), segundo um jornalista da AFP.
Os moradores não esperaram para partir, destruindo as casas e a infraestrutura das terras que abandonaram.
Neste fim de semana, alguns homens cortaram pinheiros com serras, levando a lenha para se aquecer.
"Notificamos todos os habitantes do distrito que eles deveriam partir antes das 18h00 de segunda-feira. Também é válido para as aldeias de Sus e Aghavno", afirmou Davit Davtian, funcionário da administração distrital, nesta segunda-feira à AFP.
No domingo, porém, o chefe desse governo havia indicado à AFP que essas duas cidades não foram afetadas quando foram retrocedidas.
"Para a cidade de Berdzor [Lachin], podem ficar 200 pessoas úteis para a administração [gás, eletricidade, estradas ...]. Daremos seus nomes aos soldados russos [de paz] e essas pessoas terão um passe", acrescentou Davtian.
- "No sei aonde ir" -
Mas também há habitantes que ficam porque não têm aonde ir. Estas pessoas "nos disseram que ficavam e que veriam o que aconteceria na terça-feira", explicou Davit Davtian.
No povoado de Aghavno, situado à margem do corredor, moradores deixavam suas casas nesta segunda, carretando móveis e madeira em caminhões e carros.
Arksia Gyokshakian, de 60 anos, faz parte daqueles que ficaram: "Não sei aonde ir. Fiquei aqui durante a guerra. É a minha casa", diz à AFP.
Ao final da primeira guerra, em 1994, houve um êxodo ao contrário: a população azerbaijana fugiu destas regiões, que foram depois repovoadas por armênios.
O cessar-fogo de 9 de novembro, assinado em um momento em que a situação militar era catastrófica para a Armênia, consagra a vitória do Azerbaijão e lhe concede importantes conquistas territoriais.
Alcançada com a mediação russa, a trégua lembra o papel determinante de Moscou em sua zona de interesse no Cáucaso, mas também a influência crescente da Turquia, que apoia Baku.
Os países ocidentais, ao contrário, parecem perder peso e nem a França, nem os Estados Unidos, mediadores como membros do Grupo de Minsk - encarregado nos anos 1990 de encontrar uma solução duradoura para o conflito -, obtiveram resultados conclusivos.
* AFP