O principal candidato da oposição à presidência da Tanzânia, Tundu Lissu, rejeitou antecipadamente nesta quinta-feira os resultados das eleições gerais do dia anterior, chamando-os de "fraude total".
"O que aconteceu ontem não foi uma eleição e não reconhecemos. Não aceitamos nem reconhecemos nenhum resultados desse processo", declarou em discurso no Facebook o principal adversário do presidente John Magufuli.
Denunciando "uma fraude eleitoral de magnitude sem precedentes em nosso país", o oponente declarou que os observadores de seu partido foram impedidos de entrar, ou expulsos pela força, em "milhares de mesas eleitorais".
Referindo-se aos resultados "ilegítimos", o advogado de 52 anos convocou seus partidários a manifestações "democráticas e pacíficas" e ao apoio da comunidade internacional.
Seu advogado, o canadense Robert Amsterdam, convocou a União Africana e a Comunidade Britânica, duas organizações das quais a Tanzânia é membro, para investigarem "alegações de fraude eleitoral, violência e violações dos direitos humanos que cometeram crimes nas eleições presidenciais".
Quase 29 milhões de tanzanianos foram convocados às urnas na quarta-feira, espalhados pelo continente do país e 556 mil residentes no arquipélago de Zanzibar, que juntos formam a República Unida da Tanzânia, com cerca de 58 milhões de habitantes.
Tiveram de escolher entre 15 candidatos presidenciais, mas o duelo aconteceu entre Magufuli, 60 anos, candidato à reeleição pelo partido CCM ("O Partido da Revolução"), no poder desde 1961, e Lissu, 52, que foi apresentado pelo Chadema (Partido para a Democracia e o Progresso).
A comissão eleitoral da Tanzânia, que indicou na quarta-feira não ter havido nenhum caso de urnas cheias - como alegado pela oposição - começou a publicar os resultados das eleições legislativas de madrugada, com números marcados pela perda de cadeiras pela oposição.
Quanto às eleições presidenciais, os primeiros resultados parciais colocam John Magufuli à frente, com 80% dos votos nos 12 distritos apurados (sobre os 264 existentes), cujos resultados chegaram à comissão. Em seguida aparece Tundu Lissu, cujo melhor desempenho nestes 12 distritos não ultrapassa os 15%.
Durante seu primeiro mandato, Magufuli governou de forma autoritária, segundo seus detratores. Quando foi ministro de Obras Públicas (2010-2015), ganhou o apelido de "Bulldozer" ou "Tingatinga" em suaili.
No arquipélogo semiautônomo de Zanzíbar, onde os eleitores escolhem seu próprio presidente e deputados, a oposição também perdeu várias cadeiras, principalmente em alguns de suas fortalezas, segundo os primeiros resultados.
Seif Sharif Hamad, seu líder, foi preso nesta quinta-feira junto com outros membros de seu partido, ACT Wazalendo, pouco depois de realizar uma coletiva de imprensa na qual pediu aos seus partidarios que se manifestassem.
A maioria dos meios de comunicação internacionais não recebeu credenciamento para cobrir as eleições na Tanzânia continental, e as mensagens das redes sociais, como WhatsApp e Twitter, eram inacessíveis em todo o país.
Durante o dia das eleições, Lissu denunciou "irregularidades generalizadas", citando a recusa de permitir a entrada de observadores nos centros de votação e a descoberta de urnas cheias, por exemplo em Dar es Salaam.
* AFP