O líder da oposição no arquipélago de Zanzibar, na Tanzânia, acusou nesta terça-feira (27) a polícia de ter matado dez pessoas a tiros, em distúrbios às vésperas das eleições gerais da Tanzânia.
As forças de segurança e os membros da comissão eleitoral começaram a votar antecipadamente nesta terça, um dia antes das eleições para eleger presidente e deputados.
Além disso, os eleitores de Zanzibar, que têm seu próprio governo e Parlamento, elegem também o presidente e deputados do arquipélago semiautônomo.
A oposição de Zanzibar denuncia que esse voto antecipado é uma estratégia para realizar uma fraude eleitoral.
Os confrontos na ilha de Pemba, reduto da oposição, começaram na noite de ontem quando o Exército distribuiu cédulas de voto, que incluem o conjunto dos candidatos. Segundo os opositores, elas já estavam marcadas.
O líder opositor, Seif Sharif Hamad, que se apresenta pela sexta vez como candidato presidencial em Zanzíbar, afirmou que nove pessoas morreram por disparos da polícia em Pemba, e outra na ilha de Unguja nesta terça-feira, enquanto 50 pessoas ficaram feridas.
A AFP constatou que a polícia usou gás lacrimogêneo e balas durante as manifestações.
"Sabemos que a polícia lançou gás lacrimogêneo, mas também disparou munição real", explicou Sharif Hamad, do partido ACT-Wazalendo (Aliança pela Mudança e Transparência - Patriotas).
O candidato foi detido por algumas horas em frente a um centro de votação em Garagara, onde havia anunciado seu desejo de votar nesta mesma terça-feira, apesar de os votos estarem reservados às forças de segurança.
Em Dar es Salaam, o chefe da Polícia da Tanzânia, Simon Sirro, anunciou que 42 pessoas foram detidas em Pemba, mas que não há registro de "nenhum morto".
O familiar de uma mulher morta afirmou, sem querer revelar sua identidade, que "homens armados apontaram e dispararam" em sua direção, quando estavam sentados à noite na porta de uma loja.
Segundo essa testemunha, três pessoas, entre elas sua parente, morreram, e 18 ficaram feridas.
Questionado pela AFP, o chefe da Polícia de Zanzíbar, Hassan Haji, recusou-se a comentar essas informações.
- Tensões políticas -
Em sua conta no Twitter, o embaixador americano, Donald Wright, disse que está "alarmado com as informações procedentes de Zanzibar e outras partes sobre violência, mortes e prisões".
O Exército e a Polícia foram enviados em massa para as duas ilhas do arquipélago, Bardanza e Pemba.
As tensões políticas, que frequentemente geram violência, são em geral mais intensas em Bardanza do que na parte continental Tanzânia, país considerado um refúgio de estabilidade no tumultuado leste da África.
A Tanzânia e as instituições de Bardanza são lideradas desde então por Chama Cha Mapinduzi (CCM), partido único até 1992.
Em 2016, todas as eleições em Bardanza, entre elas a presidencial local que o opositor Seif Sharif Hamad declarou ter ganhado, foram anuladas por "fraude" pela comissão eleitoral. Hamad se recusou a participar das novas eleições.
* AFP