Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump saiu do hospital Walter Reed, em Washington, na tarde deste domingo (4) para cumprimentar apoiadores que fazem uma vigília em frente à instituição de saúde. A saída, entretanto, não é definitiva, pois não há previsão de alta para o mandatário republicano. O passeio foi feito com várias pessoas dentro do veículo, apesar de Trump estar contaminado com coronavírus e poder passar a doença para quem estava próximo.
A equipe de Trump afirma que o presidente está melhorando e pode ter alta na segunda-feira (5), mas há dúvidas sobre o seu real estado de saúde, devido a boletins contraditórios divulgados durante o final de semana. A equipe médica do presidente informou que seus níveis de oxigênio tinham baixado duas vezes nos últimos dias e que está sendo tratado com esteroides, mas deu uma avaliação otimista de seu estado de saúde e das perspectivas do mandatário de 74 anos.
— Desde que falamos pela última vez (no sábado), o presidente continua melhorando. Como ocorre com qualquer doença, há altos e baixos frequentes em seu curso — disse um dos médicos de Trump, Sean Conley.
O presidente continuou trabalhando, apesar de sua internação no hospital militar Walter Reed, na periferia de Washington, fez telefonemas e tuitou no centro médico.
Conley disse que o presidente tinha sido transferido para o hospital na sexta-feira (2) depois de um "rápido avanço" da covid-19, com seus níveis de oxigênio baixos. Ele chegou a receber oxigênio antes de ser hospitalizado.
Brian Garibaldi, outro dos médicos de Trump, disse que o presidente chegou a se colocar "de pé e caminhando".
— Se continuar se sentindo e aparentando estar tão bem quanto hoje, temos esperança de poder lhe dar alta já amanhã (segunda-feira) para que possa continuar com o tratamento na Casa Branca — disse o médico.
Na noite de sábado, a equipe médica havia dito que o presidente não estava fora de perigo, apesar de se manifestar "cautelosamente otimista", depois de declarações do chefe de gabinete da Casa Branca, Mark Meadows, que mostrou preocupação com a saúde de Trump, provocando confusão.
— Os sinais vitais do presidente nas últimas 24 horas têm sido muito preocupantes, e as próximas 48 horas serão críticas no que diz respeito a seus cuidados. Ainda não estamos em um caminho claro rumo à sua completa recuperação — disse o funcionário da Casa Branca, segundo o jornal The New York Times.
Nesse mesmo dia, o mandatário divulgou no Twitter um vídeo no qual disse se sentir "muito melhor" e destacou que voltaria "em breve". Entre a noite de sábado e o domingo pela manhã, Trump falou por telefone com várias pessoas, entre elas seu vice-diretor de campanha Jason Miller, faltando apenas um mês para as eleições de 3 de novembro.
O assessor de segurança nacional, Robert O'Brien, também destacou o ânimo de Trump e disse à CBS que qualquer discussão sobre uma possível transferência de poder ao vice-presidente Mike Pence "não é algo que esteja sobre a mesa". Segundo ele, Trump pediu para transmitir que, apesar de estar hospitalizado, está ativo, "firmemente no controle".
Dúvidas sobre o momento do contágio
Ainda persistem dúvidas sobre o momento do contágio e se poderia ter exposto dezenas de pessoas à covid-19. Uma linha do tempo fornecida pelos assessores e médicos de Trump sugeriu que ele se reuniu com mais de 30 doadores de campanha na quinta-feira em Nova Jersey, inclusive depois de saber que sua assistente próxima, Hope Hicks, tinha testado positivo, apenas horas antes de anunciada sua própria infecção.
A esposa de Trump, Melania, também está com o novo coronavírus, mas sem sintomas graves. Uma pesquisa, realizada dois dias depois do debate presidencial com seu adversário, o democrata Joe Biden, na terça-feira, e antes da notícia da doença de Trump, mostrou que seu índice de adesão estava no ponto mais baixo do ano.
A consulta do Wall Street Journal/NBC deu a Biden uma vantagem de 53% contra 39% entre os eleitores registrados. A hospitalização de Trump gerou simpatia generalizada, mas muitos consideram que ele está pagando o preço por desdenhar da gravidade da doença. Os Estados Unidos somam quase 210 mil mortos pelo coronavírus.