O presidente interino do Quirguistão e o presidente que renunciou na quinta-feira apresentaram nesta sexta-feira ao Parlamento a proposta de eleições legislativas antecipadas em dezembro, em uma tentativa de acabar com o caos político neste país da Ásia central.
O Quirguistão enfrenta uma profunda crise desde as eleições legislativas de 4 de outubro, quando os partidos ligados ao ex-chefe de Estado conquistaram maioria. Mas o resultado provocou grandes manifestações nas ruas, que deixaram pelo menos um morto e 1.200 feridos.
As suspeitas de fraude provocaram a anulação dos resultados, mas a decisão não foi suficiente para estabilizar o país e o presidente Sooronbai Jeenbekov renunciou na quinta-feira.
"Decidi deixar o cargo de presidente para preservar a paz no país e impedir a divisão da sociedade", declarou nesta sexta-feira Jeenbekov, que desejou "êxito" ao sucessor.
Jeenbekov se tornou o terceiro presidente obrigado a abandonar o cargo devido a um movimento popular neste país, independente desde 1991.
Sadyr Japarov, presidente interino após a renúncia de Jeenbekov, celebrou a transferência "pacífica" de poder e prometeu eleições legislativas provavelmente em dezembro.
"Farei todo o possível para manter a política externa do Quirguistão", disse, em uma referência ao governo da Rússia, do qual Jeenbekov eram muito próximo.
Sadyr Japarov estava preso até semana passada. Ele cumpria uma longa condenação por ter sequestrado um governador regional em 2013. Foi libertado por seus simpatizantes e aproveitou o caos reinante para impor seu nome como primeiro-ministro e em seguida como presidente.
A situação não tem precedentes na história do Quirguistão, destacou o deputado Omurbek Tekebayev.
"O povo espera que você esteja à altura das expectativas", afirmou em direção a Japarov.
De acordo com a Comissão Eleitoral, as eleições legislativas poderão acontecer em 20 de dezembro e as presidenciais antecipadas em 17 de janeiro.
O Quirguistão é o Estado mais plural, mas também o mais instável de todas as ex-repúblicas soviéticas da Ásia central.
* AFP