Em plena pandemia mundial do coronavírus, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) começa nesta terça-feira (22) com mais discursos de líderes do que nunca em 75 anos de história, mas todos virtuais e pré-gravados com dias de antecedência, com a sede das Nações Unidas parcialmente vazia.
O presidente norte-americano Donald Trump chegou a expressar o desejo de viajar a Nova York para pronunciar seu discurso, mas desistiu, talvez porque o grande salão da Assembleia parcialmente vazio — apenas um diplomata por missão será autorizado a entrar — não sirva para sua estratégia para tentar derrotar o democrata Joe Biden nas eleições de novembro.
Não acontecerão reuniões bilaterais sucessivas, nem a diplomacia "sob a mesa" para enfrentar o coronavírus, nem encontros à margem do evento dos ministros do Grupo de Lima para debater a crise na Venezuela, nem visitas do presidente cubano a uma igreja do norte de Nova York para criticar o capitalismo.
No site da ONU, os discursos dos 193 países membros da organização estão programados para os próximos oito dias, o primeiro deles o do presidente brasileiro Jair Bolsonaro, como é tradição após o discurso de abertura do secretário-geral Antonio Guterres. Em seguida virão Trump e os presidentes do Chile, Cuba, Irã, Colômbia, México, entre outros.
Nas próximas semanas, a ONU organizará várias reuniões temáticas virtuais sobre a covid-19, a luta contra a mudança climática, o Líbano, Líbia, a biodiversidade, entre outros temas.
Apesar de o edifício da ONU estar praticamente vazio, barreiras de segurança foram instaladas ao redor da sede. Mas o bairro de Turtle Bay em Manhattan, que a cada setembro se transforma em um bunker protegido por centenas de policiais em função da visita de mais de 10 mil chefes de Estado e de Governo, ministros e diplomatas de todo o mundo, está excepcionalmente tranquilo.
Apenas os jornalistas que cobrem a ONU — que tem um escritório no edifício e uma credencial especial — podem trabalhar na sede. As cafeterias estão fechadas e os corredores silenciosos.