O primeiro-ministro iraquiano, Mustafa al Kazimi, vai se encontrar com o presidente Donald Trump na Casa Branca pela primeira vez nesta quinta-feira (20), com a questão da presença das tropas americanas naquele país no topo da agenda.
A reunião ocorre no momento em que aumentam os ataques das forças pró-Irã contra interesses dos Estados Unidos no Iraque, e num contexto de competição entre Teerã e Washington pela influência sobre Bagdá.
As diferenças entre o primeiro-ministro, que mantém laços amigáveis com Washington, e as facções pró-iranianas estão crescendo.
Kazimi, que assumiu o cargo em maio, enfrenta o desafio das facções da Hashd al-Shaabi, uma coalizão de grupos paramilitares xiitas iraquianos que mantém estreitos vínculos com o Irã.
Hashd al-Shaabi integra oficialmente o Estado iraquiano, e seus representantes políticos pediram a expulsão dos 5.000 soldados americanos mobilizados no país para combater o jihadismo.
O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, disse na quarta-feira que o progresso de suas forças no Iraque foi impedido por "grupos armados que não estão sob o controle total do primeiro-ministro".
Pompeo pediu que a polícia local substituísse esses grupos "o mais rápido possível" durante uma entrevista coletiva com o ministro das Relações Exteriores do Iraque, Fuad Hussein.
O chefe da diplomacia dos Estados Unidos pareceu referir-se aos paramilitares xiitas, embora não os tenha mencionado.
Quando questionado sobre o plano de retirar os 5.000 soldados americanos do Iraque, Pompeo disse que não lidava com números e pediu "para não se concentrar nisso".
Sobre as tropas, uma autoridade do governo disse: "Não há um cronograma inflexível e não há números inflexíveis, mas isso, é claro, faria parte das discussões".
Ele descreveu os "grupos armados" como um "problema persistente" que desafia a segurança do Iraque, ameaça os interesses das forças americanas e também é um "desafio à soberania iraquiana".
As facções pró-iranianas receberam um duro golpe em janeiro quando os Estados Unidos mataram em Bagdá um de seus principais líderes, Abu Mehdi al Muhandis, que estava com o poderoso general iraniano Qassem Soleimani, emissário de Teerã no Iraque, também morto no ataque.
Hashd rejeita qualquer relação com a recente sequência de ataques contra os Estados Unidos, mas vídeos e reivindicações nas redes sociais dão pistas de sua participação, por meio de grupos que operam com outros nomes.
Nas últimas semanas, os ataques aumentaram e na terça-feira o exército iraquiano relatou outro com um míssil no aeroporto de Bagdá, onde as forças americanas estão baseadas. O projétil não causou danos ou vítimas.
Entre outubro de 2019 e o final de julho, facções armadas atacaram os interesses americanos no Iraque em 39 ocasiões.
Quando a Casa Branca confirmou no início deste mês que Trump se encontraria com Kazimi, os ataques aumentaram.
* AFP