A União Europeia (UE) reabriu suas fronteiras nesta quarta-feira (1º) aos visitantes de 15 países, que não incluem Estados Unidos e Brasil, onde as mortes por coronavírus prosseguem em ritmo acelerado.
A lista de países considerados suficientemente seguros para permitir que seus residentes entrem na UE também não inclui Reino Unido e Rússia, por exemplo. O único país latino-americano da relação é o Uruguai.
Os Estados Unidos lideram a lista de países mais afetados pela pandemia, com mais de 127 mil mortos e quase 2,63 milhões de contágios, seguido pelo Brasil (mais de 59 mil mortes e mais de 1,4 milhão de casos). Em todo o mundo, mais de 511 mil pessoas morreram desde o surgimento da doença, de acordo com um balanço da agência AFP.
Anthony Fauci, especialista americano em doenças infecciosas, afirmou que os Estados Unidos podem alcançar 100 mil casos diários se persistir a tendência atual. Já a Europa espera que a flexibilização das restrições leve oxigênio ao turismo, setor asfixiado pela proibição das viagens não essenciais desde meados de março.
Nesta quarta-feira, hotéis e restaurantes receberam os primeiros turistas nas ilhas da Grécia, país que registrou 200 mortes provocadas pela covid-19 e que viu sua economia muito abalada pelas medidas de confinamento. Romanian Cojan Dragos foi o "primeiro turista" em um hotel de Corfu.
— Temos o hotel inteiro para nós. Está vazio, os restaurantes e lojas estão fechados, é triste — declarou, na expectativa para a chegada de outros visitantes.
Espanha e Portugal reabriram a fronteira terrestre, fechada desde 16 de março, quando Lisboa decidiu proteger seu território da pandemia que avançava em ritmo acelerado no país vizinho.
Portugal é um dos países menos afetados da Europa pela pandemia (1.576 mortes e 42.141 casos confirmados), enquanto a Espanha é um dos mais atingidos (28.355 mortos e mais de 248.000 casos).
Os viajantes procedentes da China, onde o vírus surgiu no fim do ano passado, só poderão entrar no bloco se Pequim aplicar a medida de reciprocidade e abrir suas portas aos residentes na UE.
"Longe do fim"
Com mais de 10,5 milhões de casos declarados no mundo, a pandemia "está longe do fim", alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS).
A situação se vislumbra catastrófica na América Latina e Caribe, onde a pandemia pode deixar mais de 400 mil mortos em três meses caso não sejam adotadas decisões com base em dados epidemiológicos "detalhados", advertiu a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
— A América Latina e o Caribe devem ter mais de 438 mil falecidos por covid-19 nos próximos três meses — alertou Carissa Etienne, diretora da Opas, em entrevista coletiva.
América Latina e Caribe registram mais de 116 mil mortes e mais de 2,5 milhões de casos, de acordo com o balanço atualizado pela AFP na manhã desta quarta-feira, com base em dados oficiais.
O pico de contágios acontecerá em momentos diferentes. Chile e Colômbia devem registrar o ponto máximo nos próximos 15 dias, enquanto na Argentina, Bolívia, Brasil e Peru isto deve acontecer em algum momento de agosto.
Na América Central e México, em meados de agosto, mas na Costa Rica deve acontecer apenas em outubro.
— Estas projeções serão atingidas apenas se as condições atuais persistirem e podem ser modificadas se os países tomarem as decisões corretas — disse Etienne, que pediu que a pandemia seja confrontada com dados "cada vez mais detalhados" e com "flexibilidade".
Apesar da reabertura das fronteiras na UE, os países membros enfrentam focos isolados do coronavírus. Portugal, Alemanha e Reino Unido adotaram confinamentos para áreas específicas.
Pico nos EUA
Nos Estados Unidos, Anthony Fauci, integrante da equipe de resposta do presidente Donald Trump, advertiu ao Congresso que as autoridades não têm o controle total no momento.
— Estou muito preocupado e não estou satisfeito com o que está acontecendo, porque estamos indo na direção errada", disse Fauci. — Eu não ficaria surpreso se chegarmos a 100 mil casos por dia se isso não mudar — acrescentou.
Texas e Flórida, que estão entre os Estados mais populosos do país, registram um aumento expressivo de casos e devem ser controlados rapidamente, advertiu. A fala de Fauci reforçou as dúvidas sobre a capacidade dos Estados Unidos para controlar uma pandemia.
A oposição democrata, incluindo o provável rival de Trump na eleição de novembro, Joe Biden, acusa o presidente de falta de liderança na mitigação da pandemia. Trump, que se nega a usar máscara, afirma que deseja virar a página da crise do coronavírus e se concentrar na campanha pela reeleição.