Um grupo de manifestantes em Bristol, no Reino Unido, derrubou, durante um protesto antirracismo neste domingo (7), uma estátua em homenagem a Edward Colston, traficante de escravos e membro do parlamento britânico que viveu no século 17.
As manifestações que começaram nos Estados Unidos após a morte de George Floyd, homem negro assassinado por um policial branco no último dia 25 em Minneapolis, se multiplicaram em diversas cidades da Europa.
De acordo com a polícia local, as manifestações ligadas ao movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam), em Bristol, reuniram mais de 10 mil pessoas neste domingo e foram, em sua maioria, pacíficas.
Durante o protesto, entretanto, manifestantes usaram cordas para derrubar a estátua de Colston, feita de bronze e erigida em 1895. Depois, a estátua foi jogada em um rio que corta a cidade.
Colston dá nome a pelo menos 20 estradas em Bristol, além de escolas, prédios e hospitais. As homenagens, entretanto, dividem opiniões porque dados históricos relacionam Colston às mortes de cerca de 19 mil negros escravizados no século 17.
Estima-se que a Companhia Real Africana, empresa com a qual Colston estava envolvido, transportou mais de 84 mil homens, mulheres e crianças para serem escravizados nas Américas e no Caribe.
Em 2018, a prefeita de Bristol, Cleo Lake, de ascendência afrocaribenha, mandou retirar o retrato de Colston de seu escritório um mês depois de assumir o cargo. Lake disse que não suportava o "olhar" do traficante de escravos enquanto ela trabalhava:
— Eu passo muito tempo aqui, quase todos os dias. Não vou ficar confortável compartilhando o escritório com o retrato de Colston.
Mais recentemente, uma petição reuniu mais de 11 mil assinaturas exigindo a remoção da estátua de Colston. Apesar das controvérsias, autoridades locais não atenderam o pedido.
Agora, autoridades de Bristol estão coletando imagens das manifestações para tentar identificar os envolvidos no que o superintendente da polícia local, Andy Bennett, classificou como um "ato claramente criminoso".
Apesar do incidente, Bennett fez um agradecimento público aos ativistas que respeitaram as medidas de contenção do coronavírus:
— Gostaria de agradecer aos organizadores por seus esforços para incentivar os manifestantes a seguir as orientações do governo. Manter o público seguro era nossa maior prioridade e felizmente, não houve casos de desordem e nenhuma prisão foi feita.