Com shows e eventos liberados, bares abertos, escolas funcionando e pessoas circulando sem máscara pelas ruas, a Nova Zelândia colhe os frutos do sucesso no combate ao coronavírus. A trabalho na cidade de Auckland, o médico brasileiro Gustavo Faulhaber descreveu ao Gaúcha Atualidade desta sexta-feira (12) como está a "volta ao normal" no país, que não registra mais casos ativos de covid-19.
— Foi uma liberação gradual ao longo de semanas, não foi de um dia para o outro. Fomos descendo de nível. Nível 3 saía de casa, no 2 com compras, até que, agora, se chegou ao nível 1, que é considerado o normal. E o normal se parece muito com o antigo normal: há shows, bares abertos. A gente achava que no novo normal as pessoas usariam máscaras na rua, mas isso não se vê. A gente vê se encaminhar para um período normal. Mas as fronteiras seguem fechadas — contou.
Segundo o brasileiro, as medidas tomadas pelo governo da Nova Zelândia no começo da pandemia foram fundamentais para o cenário de hoje. Entre as ações citadas por Faulhaber está o lockdown - bloqueio total - logo no início e a transparência da primeira-ministra Jacinta Ardern, o que influenciou para o engajamento da população no combate ao coronavírus:
— O programa nacional da Nova Zelândia era às 13h. Ela (Jacinta Ardern) ia com o ministro da Saúde, fazia o pronunciamento, trazia mensagens educacionais. A transparência e a educação foram extremamente importantes. O papel de um líder é uma forma de engajar a população de forma a aguentar a quarentena, que não é fácil. Ela conseguiu capitanear essa doença. Rapidamente, se teve apoio da população —disse. — A liderança dela é algo impressionante — completou.
De acordo com Faulhaber, as ações de apoio às empresas também foi fundamental durante o lockdown no país, que passou por um confinamento de sete semanas, até maio.
— A gente sabe que houve nos primeiros dias empresas que tentaram falar que eram essenciais, mas rapidamente houve uma conscientização. Há um respeito às leis muito grande no país. Teve tentativas, mas a polícia orientou. Não era repressão, era orientação. De fato, o governo deu o apoio às empresas não quebrarem, reduziu impostos, postergou pagamentos. Houve condições de dois meses para ficar parado. Apesar de terem fechado, a recuperação vai ser mais rápida — afirmou.
O arquipélago do Pacífico Sul, com uma população de 5 milhões de habitantes, registrou 1.154 casos confirmados e 22 mortes por covid-19. Na última segunda-feira, as autoridades anunciaram a alta do último paciente com a doença.