Os dissidentes do antigo grupo guerrilheiro Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) foram os principais autores identificados dos assassinatos de líderes sociais e defensores de direitos humanos na Colômbia em 2019, informou a ONG Somos Defensores nesta quarta-feira (27).
É a primeira vez que esses grupos, que se afastaram do histórico pacto de paz de 2016, estão no topo da lista dos supostamente responsáveis pelas mortes de ativistas desde que as Farc largaram suas armas.
Em 2019, foi "notório (...) o aumento do número de assassinatos cometidos por dissidentes ou grupos residuais das Farc", que praticamente dobrou de 12 casos em 2018 para 21 em 2019, informou a ONG em um relatório.
Dos 124 homicídios registrados pela organização no ano passado - contra 155 em 2018 -, 82 foram atribuídos a pessoas desconhecidas, 21 a dissidentes, 16 a paramilitares, quatro ao Exército de Libertação Nacional (ELN, o último grupo guerrilheiro em atividade) e um ao exército, detalha o documento.
A maioria dos assassinatos ocorreu no departamento de Cauca (sudoeste), com 34 casos; Antioquia (noroeste), com 16; e Caquetá (sul), com 10.
Essas regiões são disputadas por dissidentes das Farc, rebeldes do ELN, gangues de origem paramilitar e traficantes de drogas ligados a cartéis mexicanos por serem estratégicos para a mineração ilegal e produção de cocaína.
Segundo o relatório, as principais vítimas foram líderes de conselhos comunitários (33 casos) e autoridades indígenas (32).
O número de assassinatos indígenas, o maior da última década, concentra-se no Cauca (77,7%).
Os ataques, que incluem ataques e ameaças, passaram de 805 em 2018 para 844 em 2019, e ocorreram principalmente em "locais onde antes da guerrilha desmobilizada das Farc controlava a vida social, econômica e política", destaca o documento.
Os ex-membros das Farc operam sem um comando unificado e são diretamente financiados pelo narcotráfico e extração ilegal de minerais, segundo as autoridades, e são em cerca de 2.300 homens.
Pelo menos 108 ativistas sociais foram mortos no país em 2019, segundo a ONU. Em 2018, foram 115.
Cerca de 200 ex-guerrilheiros foram mortos desde a paz, alerta a organização internacional.
* AFP