O fundador e CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, pediu nesta segunda-feira (18) à União Europeia (UE) que tome a iniciativa na criação de um padrão global sobre a regulação das novas tecnologias, ante o risco de que os países adotem o modelo chinês.
— Neste momento, muitos países estão olhando para a China e pensando: "Parece que esse modelo talvez possa funcionar, talvez dê ao nosso governo mais controle". Só acho que isso é muito perigoso e me preocupa que esse tipo de modelo possa se estender a outros países — assinalou Zuckerberg em videoconferência com o comissário europeu Thierry Breton.
O CEO afirmou que prefere que o modelo universal seja proveniente de um país democrático.
— O melhor antídoto seria ter um marco normativo claro que provenha dos países democráticos ocidentais e se converta na regra em todo o mundo — concluiu Zuckerberg, destacando a liderança normativa da Europa com o Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGDP), colocado em prática pela UE em 2018 e visto como um modelo em outros países.
Regulamentação
Não é a primeira vez que o bilionário demonstrou preocupação sobre o país asiático. Com o crescimento da plataforma chinesa TikTok desde o fim do ano passado, ele afirmou que o app havia censurado menções a protestos de Hong Kong, sugerindo interferência governamental.
Na reunião desta segunda-feira, o comissário europeu deixou claro que a UE poderia aumentar a regulamentação do mercado de tecnologia, uma pauta chave do bloco antes da pandemia de coronavírus.
— Não somos nós que devemos nos adaptar a vocês, mas vice-versa. É assim. Somos uma democracia. A missão de um CEO é ouvir todos e tomar uma decisão. Mas, no fim das contas, a responsabilidade vai ser de Mark. Ninguém mais — salientou Breton.
O Facebook lançou recentemente o Oversight Board, um conselho de moderação de conteúdo com integrantes da academia e de organizações da sociedade civil ligadas ao direito e à defesa de direitos humanos. O grupo terá poder de decisão sobre a exclusão ou manutenção de conteúdos na plataforma, podendo revogar determinações da empresa e do presidente-executivo Mark Zuckerberg.