A guarda costeira de Bangladesh anunciou nesta quarta-feira que resgatou pelo menos 382 refugiados rohingya "famintos" à deriva em um grande barco nas águas territoriais do país depois de quase dois meses no mar.
Em resposta a um alerta, a patrulha da Guarda Costeira lançou uma busca de três dias pelo navio, localizando-o à noite na costa sudeste do país, disse o porta-voz do organismo, tenente Shah Zia Rahman.
"Nós resgatamos pelo menos 382 Rohingya de um grande navio de pesca superlotado e os levamos a uma praia perto de Teknaf (cidade costeira). Eles estavam morrendo de fome", disse Rahman à AFP, acrescentando que mais de 30 morreram a bordo.
"Eles estavam à deriva por 58 dias. E nos últimos sete dias, entraram nossas águas territoriais", declarou a fonte.
Os rohingya, aparentemente de campos de refugiados na costa sudeste de Bangladesh, estavam a caminho da Malásia, mas retornaram ao mar quando esse país implementou um rígido controle costeiro devido à pandemia de coronavírus, informou o diário local Dhaka Tribune.
Rahman disse que as autoridades investigariam a possibilidade de os refugiados também terem vindo da região original de Rohingya, no estado de Rajin, na Birmânia, onde constituem uma minoria muçulmana perseguida.
Segundo o jornal Dhaka Tribune, o navio carregava quase 500 rohingya.
Cerca de um milhão de rohingyas vivem em campos miseráveis perto da fronteira entre Bangladesh e Birmânia, de onde muitos deles fugiram para escapar de uma brutal repressão militar que começou em 2017.
Com poucas oportunidades de emprego e educação nos campos, milhares tentam chegar a outros países, como Malásia e Tailândia.
* AFP