Em meio à sua batalha contra o novo coronavírus, Nova York recebeu nesta segunda-feira (30) um navio-hospital militar com mil leitos. O USNS Comfort, equipado com 12 salas de cirurgia e uma equipe de 1,2 mil profissionais de saúde, chegou ao porto da cidade norte-americana para ajudar a aliviar os hospitais da cidade, saturados pelo fluxo constante de pacientes com coronavírus.
O navio receberá pessoas que necessitem de cuidados intensivos não relacionados ao vírus para permitir que os hospitais se concentrem nos enfermos de covid-19. O prefeito da cidade, Bill de Blasio, recebeu a chegada do barco, prevista desde 18 de março.
— Para a população da cidade, que passou por muitas coisas nas últimas semanas, isso aumenta a moral. É muito emocionante para todos nós, precisamos de ajuda — disse de Blasio à CNN, enquanto o navio entrava no porto de Manhattan.
A cidade de Nova York, epicentro da epidemia nos Estados Unidos, com mais de 33 mil casos e 776 mortes, segundo os últimos dados da Universidade Johns Hopkins, também deve abrir um hospital de emergência nesta segunda-feira no centro de conferências Javits Center, com capacidade de 2,9 mil leitos. Quatro outros locais da cidade foram aprovados para prestar atendimento e descongestionar hospitais, sobrecarregados nos últimos dias pelo fluxo de pacientes.
— Estamos a duas, três, quatro semanas (do pico de contágio), dependendo do modelo de projeção usado. É necessário se preparar para o pico, ter material para o pico. Porque é aí que o sistema entrará em colapso — afirmou Andrew Cuomo, governador de Nova York, à rede MSNBC.
De Blasio disse que a cidade precisa urgentemente de cerca de 400 respiradores artificiais e reforços de pessoal médico.
— Pedi ao presidente, ao governo federal, que nos fornecesse 400 respiradores o mais rápido possível. Um em cada quatro casos americanos está aqui, avisamos, eles tiveram tempo, agora é necessário que encontrem — afirmou.
Confinamento estendido
Os Estados Unidos são o país com os casos mais confirmados da doença nesta segunda-feira. São mais de 143 mil, segundo Johns Hopkins, e mais de 2,5 mil mortos.
Diante dessa situação, Trump estendeu as medidas restritivas no domingo (29) até o final de abril para impedir a propagação do coronavírus. O presidente também disse que os Estados Unidos ainda estão longe do pico da pandemia, enquanto um de seus consultores, o Dr. Anthony Fauci, garantiu que o vírus pode deixar até 200 mil mortos no país.
O presidente dos EUA inicialmente minimizou a pandemia e depois oscilou entre um tom sombrio na evolução da situação e uma vontade de reviver a economia rapidamente, enquanto o número de pessoas desempregadas excede três milhões, devendo aumentar nas próximas semanas.
Até empresas consideradas essenciais e trabalhando a todo vapor, como a gigante do comércio online Amazon, altamente demandada pelos americanos em quarentena em suas casas, enfrentam dificuldades com a pandemia. Funcionários do enorme armazém da Amazon em Staten Island — que geralmente emprega cerca de 2 mil pessoas — planejam parar de trabalhar nesta segunda-feira para protestar contra a continuidade de suas atividades, apesar de vários funcionários terem testado positivo para o coronavírus, informou Christian Smalls, um dos organizadores da paralisação.