A União Europeia (UE) e o Brasil trabalham para retomar uma prática abandonada desde 2014 e realizar, ainda neste ano, uma cúpula com o governo Jair Bolsonaro. O Brasil é considerado pela UE um parceiro estratégico na América Latina, e a avaliação em Bruxelas é que os contatos de alto nível, que estavam congelados, precisam ser reativados.
Segundo interlocutores ouvidos pela reportagem, a necessidade de um estreitamento de relações ficou ainda mais evidente depois da conclusão, no ano passado, do acordo comercial entre o bloco europeu e o Mercosul.
Diplomatas brasileiros e da UE devem tratar do tema em uma visita ao Brasil de Josep Borrell, chefe da diplomacia europeia. A expectativa é que essa visita ocorra em abril.
As cúpulas UE-Brasil começaram a ser realizadas quando o Brasil foi elencado, pelos europeus, como parceiro estratégico na América Latina, em 2007. O único outro país na região que detém a mesma classificação é o México. No entanto, o último encontro de alto nível do tipo foi realizado em 2014. Uma das razões que levaram ao congelamento desses contatos desde então foi a repercussão negativa que o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff teve em países europeus.
Embora haja vontade das duas partes de retomar as cúpulas, há obstáculos que ainda estão sendo negociados. O primeiro deles é de agenda, uma vez que tanto o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, quanto a chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, precisariam se deslocar ao Brasil. Além do mais, os europeus querem trabalhar uma pauta da reunião que permita a apresentação de resultados.
Os diplomatas da UE, por exemplo, certamente atuarão para incluir numa eventual declaração conjunta referências a temas ambientais, um ponto considerado sensível pelo Brasil.
Um encontro entre Bolsonaro, von der Leyen e Charles Michel seria importante para reforçar o comprometimento dos três com o tratado comercial negociado entre o Mercosul e a União Europeia. Para além disso, segundo relatos feitos à reportagem, há uma série de temas bilaterais que devem estar na agenda, entre eles comércio e cibersegurança.