A chuva que cai no leste da Austrália desde sexta-feira (17) ajudou a apagar a maioria dos incêndios registrados na região, mas as chamas continuam devastando o sul e o sudeste do país - informam as autoridades locais.
No sábado, ainda ardiam no país 75 focos de incêndio contra os 100 registrados há alguns dias, disseram porta-vozes dos serviços de bombeiros de Nova Gales do Sul, o estado mais afetado pelas chamas.
"Continua chovendo em algumas das regiões onde havia incêndios", afirmaram os bombeiros, celebrando as precipitações e a queda nas temperaturas como uma importante ajuda para conter os focos ainda ativos.
No norte da Austrália, no estado de Queensland, intensas tempestades caíram na madrugada deste sábado, causando inundações e o bloqueio de estradas. Não há registro de vítimas.
Com a ocorrência de precipitações que podem ser as mais intensas dos últimos dez anos, o país parece passar de um extremo ao outro.
As chuvas também podem inundar pistas e dificultar o acesso dos veículos dos bombeiros a alguns bosques, afirmam as autoridades. As inundações repentinas também são um risco nas montanhas, cujas encostas podem ter perdido sua cobertura vegetal pelos incêndios. Esse quadro dificultaria sua retenção de água e provocaria deslizamentos de terra e cinzas.
Dois importantes incêndios no sul de Nova Gales do Sul e no estado vizinho de Vitoria continuavam sem controle neste sábado, mas os serviços de meteorologia preveem chuvas abundantes para domingo e segunda-feira nesta região.
Na ilha Kangaroo, um refúgio para a fauna e a flora situado ao sul, as chamas mataram boa parte dos coalas, pássaros e certos tipos de marsupiais.
Agravados pelo tempo particularmente quente e seco registrado há meses no território, estes incêndios florestais já deixaram 28 mortos.
O fogo devastou imensas superfícies de selva no leste e no sul da Austrália e dizimou o gado. Desde setembro, mais de 2.000 casas foram destruídas e uma superfície de 100.000 quilômetros quadrados - maior do que a superfície de Portugal - virou pó.
Embora os incêndios sejam frequentes no verão na Austrália, as mudanças climáticas agravaram a seca e, este ano, os incêndios começaram mais cedo do que o normal. As autoridades advertem que a crise ainda não terminou, já que faltam semanas para o fim do verão.
Em 2019, a Austrália viveu o ano mais seco e mais quente desde que os registros começaram a ser feitos, com uma temperatura média máxima de 41,9ºC registrada em meados de dezembro.
A imensidão dessa destruição é um dos exemplos catastróficos das mudanças climáticas, que o planeta enfrenta cada vez mais frequentemente, segundo os cientistas.
* AFP