Professores, advogados, médicos e funcionários ferroviários saem às ruas nesta quinta-feira (9) na França para pressionar o presidente Emmanuel Macron a recuar em sua controversa reforma previdenciária, após mais de um mês de greves e mobilizações. A paralisação dos transportes, que já dura 36 dias, bate recordes — é a mais longa desde a criação da companhia ferroviária francesa, em 1938.
A companhia ferroviária nacional, SNCF, pediu aos moradores da região de Paris que optem por outros meios de locomoção nesta quinta. Apenas um em cada três trens suburbanos funcionará, e uma afluência significativa nas estações pode ser "perigosa".
"Para a segurança de todos, e na medida do possível, a SNCF recomenda não ir às estações e usar outras soluções de transporte, como o compartilhamento de carros", afirmou a empresa.
Também estão previstas fortes perturbações nos trens de longa distância que conectam as principais cidades da França: nos Thalys, que conectam Paris à Bélgica, à Holanda e à Alemanha; e no Eurostar, que vai a Londres. A maioria das linhas do metrô de Paris opera apenas nos horários de pico, assim como os ônibus.
Na falta de transporte público, muitos parisienses têm optado por ir para seus locais de trabalho ou estudo de bicicleta ou a pé.
Muitas escolas também amanheceram fechadas. A Torre Eiffel, um dos monumentos mais visitados do mundo, não abrirá suas portas ao público, porque uma parte de seus trabalhadores está em greve.
A reforma
Com a promessa de criar um sistema "mais justo" em que cada euro cotado gere os mesmos direitos para todos, o presidente francês quer unificar o sistema de aposentadoria do país, onde coexistem atualmente 42 regimes diferentes.
Também pretende aumentar a idade para receber aposentadoria integral, de 62 para 64 anos, uma "linha vermelha" para os sindicatos, que consideram essa medida "injusta e injustificada".
Em 5 de dezembro, no primeiro dia da greve nacional contra a reforma, mais de 800 mil pessoas foram às ruas em todo país em rejeição ao projeto. Essa nova convocação, a quarta em pouco mais de um mês, será crucial. Depois de mais de um mês de manifestações e greves, principalmente nos transportes, o apoio à mobilização começou a cair.
Na terça-feira, dia em que as discussões foram retomadas após as festas de final de ano, ambas as partes permaneceram firmes em suas posições. Novas negociações foram marcadas para sexta-feira (10).