As autoridades de saúde chinesas anunciaram neste sábado o primeiro óbito provocado pelo misterioso surto de pneumonia que os especialistas atribuem a um novo vírus da família da SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave).
A Comissão de Saúde da cidade de Wuhan (centro) informou que das 41 pessoas diagnosticadas com este novo coronavírus uma faleceu e outras sete estão em estado grave.
Inicialmente, as autoridades locais citavam 59 infectados, mas a comissão esclareceu que apenas 41 casos foram confirmados.
A infecção foi confirmada pela primeira vez em dezembro, em Wuhan, e inicialmente despertou temores sobre o ressurgimento do vírus da SARS, altamente contagioso e responsável pela morte de cerca de 800 pessoas, a maioria na China, nos anos 2000.
"Não foram detectados novos casos desde 3 de janeiro de 2020", destacou a Comissão. "No momento, não há infectados entre o pessoal médico e não existe evidência clara de transmissão de pessoa para pessoa".
A maioria dos pacientes trabalhava em um mercado local especializado na venda por atacado de frutos do mar e peixes.
O surto ocorreu poucas semanas antes do Ano Novo Chinês, período em que milhões de chineses costumam pegar ônibus, trens e aviões para se reunir com suas famílias.
Uma equipe de especialistas "estabeleceu preliminarmente" na quinta-feira que um novo tipo de coronavírus está por trás do surto.
"Um total de 15 resultados positivos do novo tipo de coronavírus foi detectado", disse Xu Jianguo, chefe da equipe de especialistas que está estudando a patologia, em declarações à agência de notícias Xinhua.
Ao mesmo tempo e depois de realizar vários testes em laboratório, as autoridades chinesas descartaram a hipótese de SARS e anunciaram que vão estabelecer sanções contra oito pessoas que "publicaram e transmitiram informações falsas, ou não verificadas", relacionadas a esse vírus.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou as conclusões dos pesquisadores chineses.
"Mais estudos são necessários para determinar fonte, modos de transmissão, alcance da contaminação e medidas de prevenção" da doença, acrescentou o representante da OMS na China, Gauden Galea.
Em geral, os coronavírus causam doenças benignas em humanos (como gripe), mas o vírus da SARS e da o MERS (Síndrome Respiratória do Oriente Médio) levam, porém, a epidemias graves.
Uma autoridade do Ministério dos Transportes da China anunciou que medidas serão tomadas para "desinfecção, controle e prevenção" das áreas mais movimentadas, como estações de trem.
Galea disse que "pessoas com sintomas de pneumonia, ou que viajaram para Wuhan, foram identificadas em aeroportos internacionais", mas não recomendaram nenhuma restrição de viagem à China.
Na terça-feira, a embaixada dos EUA na China aconselhou que os cidadãos que planejam viajar para o país evitem o contato com animais e pessoas doentes.
Em Taiwan e Hong Kong, as autoridades reforçaram o controle dos passageiros que chegam da China continental.
Em Hong Kong, 38 pessoas com sintomas semelhantes aos da gripe de Wuhan foram hospitalizadas nos últimos dias, sem a confirmação do novo vírus, segundo as autoridades locais. Ontem, 21 pacientes receberam alta.
Preocupados com a epidemia, os moradores de Hong Kong correram para comprar máscaras respiratórias, vendidas em farmácias.
* AFP