Pela primeira vez em 216 anos, Notre-Dame irá se manter em silêncio em uma noite de Natal. A catedral, de oito séculos, ainda reflete o incêndio que devastou parte da estrutura em abril. Oito meses após o ocorrido, o templo permanece em situação de emergência absoluta.
Não há cerimônia ou procissão prevista nas imediações de Notre-Dame no Natal. A clássica missa da data será celebrada à meia-noite pelo reitor da catedral, monsenhor Patrick Chauvet, na igreja parisiense de Saint Germain l'Auxerrois, em frente ao Museu do Louvre.
Seguindo o desejo do presidente francês, Emmanuel Macron, de concluir a restauração da Notre-Dame em cinco anos, não haverá recesso de fim de ano, e algumas operações continuam em andamento, enquanto outras foram interrompidas, segundo a instituição pública dirigida pelo general Jean-Louis Georgelin, encarregado por Macron de gerenciar o projeto.
O incêndio na catedral gerou uma mobilização extraordinária na França e em todo o mundo, e foram arrecadados 922 milhões de euros em doações e promessas de doações, o que representa um total de 320 mil diferentes doações.
Ainda ameaçada
O andaime deformado, fragilizado, que se assemelha a uma imensa teia de aranha que se ergue em pleno céu, ameaça a abóbada e o equilíbrio da catedral.
No último dia 16, chegou às instalações de Notre-Dame um guidaste gigante, desmontado, em um comboio de 40 caminhões. O equipamento que chegará a 75 metros, pode erguer até oito toneladas, e ficará a cargo de realizar a operação mais delicada de toda a obra de estabilização: a retirada de 10 mil tubos de metal – de 250 toneladas no total. O trabalho, de vários meses, necessita de extensos preparativos, devido à sua complexidade.
Por ora, foram construídos dois terços do anel com vigas metálicas em torno do andaime, e resta o anel do nível superior, que será montado em janeiro, graças ao novo guindaste. Paralelamente, está sendo construído um segundo andaime, mais alto, de uma parte à outra do antigo, para que, a partir de vigas equipadas com trilhos, os técnicos possam se locomover. O desmonte, que poderá levar meses, deve começar em fevereiro.