A seis dias das eleições no Reino Unido, cresce a pressão sobre o primeiro-ministro Boris Johnson, cujo Partido Conservador lidera as pesquisas de intenção de voto com até 11 pontos percentuais. O líder foi desafiado na noite desta quinta (5) pelo jornalista da BBC Andrew Neil a cumprir a promessa de dar uma entrevista ao vivo.
— É uma questão de confiança — afirmou o apresentador em mensagem na TV dirigida diretamente a Boris.
Neil, conhecido por ser duro nos questionamentos, já entrevistou os líderes dos outros partidos e foi criticado pelo trabalhista Jeremy Corbyn por não cumprir o acordo de levar todos os concorrentes à TV.
"Você acredita em Johnson?" tem sido um dos motes dos opositores do primeiro-ministro, que em outubro voltou atrás da promessa de fazer o Brexit "a qualquer custo" e negociou um adiamento para janeiro do próximo ano.
Na manhã desta sexta (6), Boris recebeu nova acusação de estar mentindo, desta vez sobre seu acordo para o Brexit. Corbyn apresentou em uma entrevista coletiva o que disse ser um documento secreto do Tesouro britânico que afirma que haverá barreiras de alfândega entre a Irlanda do Norte e a Grã-Bretanha. Boris negou essa possibilidade. Segundo o Partido Conservador, a acusação de Corbyn é "teoria da conspiração".
Entretanto, as más noticias desta manhã vieram também de seus próprios correligionários. O ex-primeiro-ministro John Major, um dos políticos conservadores de mais prestígio no país, anunciou apoio a três ex-ministros —David Gauke, Dominic Grieve e Anne Milton — que concorrem contra candidatos de Boris Johnson nas eleições. Em vídeo, ele chamou o Brexit de "a pior decisão de política externa que já vi na vida" e afirmou que a saída da União Europeia deixará o Reino Unido mais pobre e mais fraco, além de prejudicar principalmente os mais pobres.
Com o nome de "Avalanche para parar o Brexit", um protesto nesta tarde em Londres tenta aumentar a mobilização dos que querem que o Reino Unido permaneça na Europa. "Temos poucos dias para parar Boris Johnson e nos recusamos a ficar sentados esperando", diz a convocatória do evento, que terá discurso, entre outros, do ex-primeiro-ministro trabalhista Tony Blair.
Tradicionalmente simpáticos aos conservadores, mas contrários ao Brexit, veículos importantes como a revista The Economist e o jornal Financial Times (FT) divulgaram na noite de quinta editoriais em que se recusam a apoiar tanto Boris quanto Corbyn. A Economist declarou apoio ao partido Liberal Democrata, enquanto o FT afirmou que não há uma opção aceitável nesta eleição.