Pelo menos 43 pessoas morreram, neste domingo (8), no incêndio de uma fábrica em Nova Délhi, na Índia, informou a polícia local, que ressaltou que o balanço de vítimas pode ser ainda mais grave. O incêndio aconteceu em um bairro antigo da capital, relatou a polícia, acrescentando que 16 pessoas estão internadas.
As vítimas são "operários que dormiam no prédio de quatro, ou, cinco andares", disse o chefe adjunto dos Bombeiros de Nova Délhi, Sunil Choudhary.
Os socorristas resgataram 58 pessoas até o momento, segundo um outro membro da corporação. As chamas foram sufocadas, mas as operações de busca continuam.
As famílias, arrasadas pela tragédia, contaram que, por volta das cinco da manhã (horário local), receberam ligações destes trabalhadores, que suplicavam para serem salvos das chamas no bairro comercial de Sadar Bazar.
Um sobrevivente, Sabi Abas, tinha acabado de trabalhar e estava se preparando para dormir quando ouviu gritos no terceiro andar:
— Me joguei no chão e vi fios elétricos pendurados e pegando fogo, e uma fumaça negra que estava se expandindo no corredor.
"Este incêndio é 'particularmente atroz'. Tenho no pensamento aqueles que perderam seus entes queridos", tuitou o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi
De acordo com os bombeiros, as condições de acesso à zona do acidente, um mercado com pouca iluminação em meio a ruas muitos estreitas, foram muito complicadas. As emissoras de televisão locais divulgaram imagens dos bombeiros transportando moradores e feridos pelas ruelas, até conseguirem chegar ao ponto onde viaturas e ambulâncias esperavam para prestar atendimento às vítimas.
Engolido pelas chamas, o prédio abrigava várias unidades de produção, onde se fabricavam mochilas escolares e de material de embalagem, o que agravou o incêndio, relataram as equipes de resgate.
Ainda não se sabe as causas deste incêndio, o pior já registrado em Nova Délhi desde a morte de 59 espectadores em um cinema em 1997, afirmaram autoridades indianas.
O chefe do Executivo local, Arvind Kejriwal, classificou o episódio de "trágica notícia":
— Os bombeiros terminaram as operações de resgate e não há mais vítimas. Ainda não sabemos o que provocou este incêndio, nem se o fogo se viu agravado pela presença do plástico armazenado e de outros materiais deste tipo. A maioria das pessoas que morreram estava dormindo, quando começou o incêndio. Elas morreram asfixiadas.
Trabalhadores migrantes
Em várias cidades indianas, fábricas e oficinas se situam em bairros antigos e carentes, onde os aluguéis têm preços mais acessíveis. À noite, os trabalhadores mais pobres dormem no local de trabalho. Como muitos são de outras regiões do país, ou estrangeiros, isso lhes permite poupar dinheiro.
A desorganização e a ausência de medidas de segurança nas construções e no ambiente de trabalho provocam, com frequência, acidentes letais. Vários parentes das vítimas disseram que a maioria dos trabalhadores era do estado indiano de Bihar, uma das regiões mais pobres do país. Alguns recebiam apenas 1.000 rúpias por mês (14 dólares).
Perto da instalação destruída, familiares das vítimas chegavam para identificar os corpos.
— Esta tragédia era inevitável — afirmou Naushad Ahmad, que buscava um amigo desaparecido.
— Tinha apenas uma entrada e saída no prédio e todos os relógios de luz estavam instalados perto da porta principal. As pessoas não tiveram nenhuma chance de sair — lamentou.
— Durante o incêndio, as pessoas não sabiam como sair — contou Mohammed Khalil, uma das testemunhas.
— Não sei se estão vivos, ou mortos — desabafou Noorjehan Bano, que esperava perto de um hospital, ainda sem notícias do pai e do cunhado. Ambos trabalhavam e viviam na fábrica.