Os partidos opositores exigiram, nesta terça-feira (12), a realização de uma assembleia constituinte no Chile, cuja atual Constituição é uma herança da ditadura de Augusto Pinochet, em contraposição ao "Congresso constituinte" proposto pelo governo.
Em declaração conjunta, 14 grupos de oposição — entre eles o Partido Socialista, o Comunista, a Democracia Cristã e o Partido Radical — defendem a "assembleia constituinte como o mecanismo mais democrático para garantir uma ampla participação cidadã e a plana legitimidade do processo".
A proposta da oposição contrasta com o anúncio realizado no domingo (10) pelo governo de Sebastián Piñera que aceitou um processo para mudar a carta fundamental através de um "Congresso constituinte".
"A proposta de um Congresso constituinte por parte do governo se distancia da demanda popular por participação e deliberação", destaca a declaração dos partidos de oposição.
O partido governista Renovação Nacional pediu a todas as tendências políticas que "flexibilizem posições visando um acordo" e escutem "as centenas de milhares de pessoas que protestam pacificamente" desde o início da agitação social, em 18 de outubro.
Já a ultraconservadora União Democrata Independente (UDI) informou que "não está disponível para negociar enquanto não cesse a violência", que já deixou 20 mortos.
Nesta terça-feira, a porta-voz do governo Karla Rubilar declarou que "o presidente está trabalhando ativamente para poder abrir um caminho claro para uma nova Constituição", sem dar maiores detalhes sobre a proposta do Executivo.
A substituição da atual Constituição — criada na ditadura e aprovada em 1980 em um questionado plebiscito — é vista como uma espécie de novo ponto fundacional sobre o qual se estabelecerá uma nova ordem social no Chile.
Para muitos analistas, a atual Constituição promoveu a desconexão entre a classe política e a população, base da atual crise.