Três mulheres e seis crianças de uma comunidade mórmon americana instalada no norte do México há mais de um século foram assassinadas nesta segunda-feira (4) por um grupo de homens armados. O caso gerou reações no país, onde houve aumento nos casos de violência nas últimas semanas, e aumenta a pressão para que o governo dê uma resposta mais efetiva na área da segurança.
Julián Lebarón, líder mórmon e ativista, afirma que criminosos que agem na região de Rancho de la Mora, na divisa entre os Estados de Sonora e Chihuahua, na fronteira com os Estados Unidos, mataram seus familiares. A família seguia viagem em três carros.
— Minha prima Rhonita seguia para o aeroporto de Phoenix (EUA) quando foi emboscada. Atiraram e queimaram sua caminhonete com ela e seus quatro filhos (...). Foi um massacre — disse Lebarón à Rádio Fórmula.
Rhonita estava indo buscar seu marido, que vive em Dakota do Norte, nos Estados Unidos, para celebrar seu aniversário de casamento. Ela foi morta junto aos filhos: um garoto de 11 anos, uma menina de nove e dois bebês gêmeos com menos de um ano de idade.
O veículo foi incendiado com os passageiros dentro. Os corpos de Rhonita e das quatro crianças foram encontrados em meio às cinzas do automóvel.
Cerca de 12 quilômetros à frente na estrada, outro carro da família foi atacado. Nele estavam duas mulheres, um garoto de quatro anos e uma menina de seis. Todos foram mortos. Segundo Barón, uma das mulheres saiu do carro com as mãos para cima, mas mesmo assim foi baleada no peito.
O destino do terceiro carro não foi informado. Outras sete crianças que viajavam com a família conseguiram escapar e sobreviveram. Algumas delas conseguiram caminhar até em casa, uma delas com um ferimento de bala. Durante a noite, a comunidade mórmon, policiais e militares procuravam uma menor de idade que teria se escondido em um bosque.
As razões para o crime não estão claras. Não se sabe se o ataque à família foi deliberado ou se os carros foram confundidos com outros alvos. Os governos de Sonora e Chihuahua disseram que uma investigação foi iniciada, sem dar detalhes.
No entanto, há 10 anos, dois integrantes da mesma família foram sequestrados e mortos por denunciarem a ação de grupos criminosos na região. Lebarón disse que "aqui é uma zona de guerra" onde "agem os cartéis das drogas e todo tipo de matador".
O ativista faz parte de uma comunidade de mórmons que se transferiu para o México no final do século 19, em meio à perseguição nos Estados Unidos por suas tradições, em especial a poligamia.