Um dia após Jeanine Áñez se declarar presidente interina da Bolívia, dois jovens morreram em meio a onda de protestos no país. No departamento de Santa Cruz, um homem de 20 anos morreu durante um confronto entre apoiadores do ex-presidente Evo Morales e membros do Comitê Cívico antigovernamental, na cidade de Montero.
Outro jovem, também de 20 anos, morreu em Yapacaní, a cerca de 75 quilômetros de Montero. Ele foi baleado na cabeça quando manifestantes pró-Evo entraram em conflito com policiais. Desde o início dos atos, já foram registradas nove mortes.
Fora das ruas, no Palácio Quemado, Jeanine Áñez recebeu o alto comando militar e da polícia do país. Ela formalizou a troca do comandante do exército e discutiu com os militares medidas para combater os protestos que incendeiam o país — as propostas, no entanto, não foram divulgadas.
A presidente interina afirmou que a ocasião era "oportuna para chamar a calma de toda a população boliviana". Uma fotografia divulgada pelo senador Oscar Ortiz Antelo no Twitter mostra um militar ajeitando a faixa presidencial utilizada pela senadora de oposição.
Enquanto a presidente interina se reunia com os militares, grupos de apoiadores de Evo se preparavam na cidade de El Alto para descer à capital e pedir sua renúncia. Eles consideram ilegítimo o modo como ela chegou ao posto, sem ter atingido quórum para votações do parlamento.
O Brasil e os Estados Unidos reconheceram Áñez como presidente interina. Já a Argentina, segundo informação de um alto oficial do governo ao jornal Clarín, não a reconhece no cargo por enquanto.