As catástrofes climáticas são cada vez mais visíveis e os pedidos de ação, cada vez mais ruidosos, mais os signatários do acordo de Paris, que se encontrarão em Madri a partir da segunda-feira, tomam seu tempo.
Um tempo que o mundo não tem mais.
"#Time for action". O slogan da 25ª reunião anual da ONU sobre o clima (COP25) é translúcido. "Nós devemos acelerar o ritmo com medidas concretas", pede a ministra chilena do Meio Ambiente, Carolina Schmidt, cujo país cedeastados, um milhão de espécies ameaçadas... Vários informes da ONU particularmente assustadores lançaram luz, nos últimos meses, sobre os impactos devastadores das atividades humanas no planeta.
O mundo já aqueceu +1°C desde a era pré-industrial. E cada grau suplementar aumentará a proporção dos desajustes climáticos.
No ritmo atual, a temperatura poderia escalar até 4º ou 5°C até o fim do século. E mesmo se os países respeitarem seus compromissos atuais, os termômetros podem superar os +3°C.
"Caminhamos como sonâmbulos rumo à catástrofe climática. Devemos despertar e agir com urgência", adverte Alden Meyer, especialista da União de Cientistas Preocupados, reivindicando que esta COP se dê conta da gravidade da "crise climática".
Mas com uma presidência chilena fragilizada, algumas negociações também correm o risco de se tornar mais complicadas, sobretudo na conclusão do manual de uso do acordo de Paris.
No ano passado, a COP24, em Katowice, Polônia, dotou o pacto climático das regras necessárias à sua implementação, com exceção de um dossiê complicado e muito controverso sobre o mercado de carbono.
Outro tema recorrente de discórdia que voltará à tona: a assistência aos países em desenvolvimento para se adaptarem aos impactos e reduzir suas emissões. Os países do Norte prometeram aportar estes financiamentos a 100 bilhões de dólares ao ano até 2020. Segundo o último relatório da OCDE, estas cifras estão em alta, com 71,2 bilhões em 2017.
Mas os países do hemisfério Sul reivindicam hoje uma aceleração das negociações sobre o financiamento de "perdas e danos" sofridas, que um grupo de ONGs estimou recentemente em 300 bilhões ao ano em 2030.
Alguns países reivindicam a adoção de um mecanismo específico de financiamento, que poderia ser alimentado, por exemplo, por uma taxa sobre as passagens de avião internacionais, segundo os observadores.
* AFP